Semana MLB: A MLB precisa acordar para o beisebol feminino (ou para o softbol)
A Copa do Mundo de futebol feminino foi disputada em julho e agosto, e (felizmente) foi bastante lembrado como a modalidade foi proibida no Brasil por décadas. O futebol, porém, não foi a único esporte proibido para mulheres na lei do governo Vargas. Veja o texto da lei que proibiu o futebol:
“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país. (...)
Não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, do futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rugby, halterofilismo e baseball”
Sim, o beisebol também foi criminalizado para as mulheres no Brasil. Em outros países não foi proibido por lei, mas também foi visto como pesado demais para elas, que deveriam se restringir ao softbol. E assim criou-se a ideia equivocada que softbol é a versão feminina do beisebol (a propósito, existe softbol masculino).
Um preconceito que existe até hoje, mesmo nos Estados Unidos. E que vai se tornando um ponto vulnerável na maneira como o beisebol de alto nível se promove na sociedade norte-americana.
Nesta semana, foram anunciados os times que formarão a Professional Women’s Hockey League, liga de hóquei no gelo profissional que terá seus primeiros jogos em janeiro do ano que vem. A PWHL terá forte apoio da NHL, que fará ações de marketing e até jogos em conjunto para promover a liga feminina. Uma atitude até mais agressiva que a NBA quando ajudou a estabelecer a WNBA, hoje uma realidade.
Enquanto isso, a MLB faz pouco para ajudar a crescer o beisebol feminino ou mesmo a consolidar alguma liga de sofbol feminino profissional. A NPF (National Pro Fastpitch) fechou as portas em 2021 e neste ano tivemos a primeira temporada da WPF (Women’s Professional Fastpitch). Muito pouco considerando o potencial das modalidades.
O softbol é bastante consolidado entre mulheres no nível colegial (ensino médio) e universitário. Inclusive, a Women’s College World Series tem transmissão em rede nacional e ótimos índices de audiência. O beisebol não tem o mesmo espaço. No ensino fundamental, muitas garotas jogam beisebol ao lado dos meninos, mas a maioria é obrigada a migrar ao softbol pela falta de competições de beisebol feminino a partir do ensino médio.
A criação de uma liga profissional de beisebol feminino com apoio da MLB poderia mudar esse cenário. Incentivaria garotas a seguirem no beisebol quando chegam à adolescência, além de ajudar a consolidar a popularidade do esporte no público feminino.
Há interesse para isso. Enquanto as mulheres jogavam na Copa do Mundo de futebol na Austrália e na Nova Zelândia, mulheres jogavam beisebol nos Estados Unidos pela primeira fase do Mundial da modalidade. Sim, ele existe, e está em sua nona edição (o Japão foi campeão nas seis últimas, os EUA nas duas primeiras). Há jogadoras interessadas em praticar profissionalmente a modalidade, basta terem oportunidade. O custo de manter o campeonato não seria alto para os padrões da MLB, ainda mais pensando que seria uma liga inicialmente pequena, com algo como seis ou oito franquias. E não seria difícil encontrar estádios de ligas menores que estão subutilizados e poderiam receber os jogos.
Caso a MLB prefira um caminho mais seguro, poderia simplesmente abraçar a WPF e apostar com mais peso no softbol feminino, como uma liga irmã. Já ajudaria a dar seguimento a uma modalidade que já tem popularidade no nível escolar e universitário.
O importante é o beisebol perceber que investir em uma liga feminina é importante. Há uma demanda reprimida, e o retorno é bem palpável. O basquete percebeu isso há muito tempo. O hóquei no gelo descobriu agora.
O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta (vez ou outra atrasa para o sábado) uma nova edição
O NÚMERO DA SEMANA
30-60
Ronald Acuña Jr se tornou, na última quinta (dia 31), o primeiro jogador da história da MLB a ter 30 home runs e 60 bases roubadas na mesma temporada. E fez isso em grande estilo: rebatendo um grand slam na vitória de seu Atlanta Braves sobre o Los Angeles Dodgers, no encontro dos dois melhores times da liga no momento. Curiosamente, nem foi a coisa mais improtante que o venezuelano fez naquele dia. Mais cedo, ele havia se casado.
PERSONAGEM DA SEMANA
Jasson Domínguez
O dominicano nem tinha estreado profissionalmente nas ligas menores e já era conhecido no meio do beisebol. Seu talento era tão fora da curva que ele recebeu o apelido de Marciano. Acabou contratado pelo New York Yankees e rapidamente ascendeu dentro da base da franquia. No começo de agosto, chegou ao Scranton-Wilkes Barre Railriders, time de triple-A (equivalente à equipe B) dos Yankees, e teve 44,4% de aproveitamento no bastão. O desempenho foi tão assustador que a franquia decidiu rapidamente promover o dominicano ao time principal. E, em sua estreia pela MLB, nesta sexta (dia 1º), rebateu um home run em cima de Justin Verlander na sua primeira ida ao bastão na carreira.
VÍDEO DA SEMANA
Alex Cobb, do San Francisco Giants, tinha conseguido 26 eliminações sem ceder nenhuma rebatida. Faltava apenas uma eliminação para conseguir um no-hitter. Mas Spencer Steer, do Cincinnati Reds, acabou com a alegria a dois strikes da façanha histórica.
QUER TIRAR DÚVIDAS SOBRE BEISEBOL?
Toda terça, publico o “Dúvidas MLB”, um post respondendo a perguntas sobre beisebol. A edição desta semana falou sobrepor que não jogar só 7 entradas, campo de liga infantil, melhores do passado e do presente e bola que o catcher não pega. Clique aqui para conferir. Se tiver alguma dúvida, pode mandar para o meu Twitter.
O QUE VEM POR AÍ
A melhor briga da MLB neste começo de setembro é a da Liga Americana Oeste. Seattle Mariners, Texas Rangers e Houston Astros disputam jogo a jogo a primeira posição da divisão (e das das vagas de wildcard da liga). Nesta semana, Astros e Rangers fazem uma série decisiva em Dallas. A ESPN transmite o segundo dos três jogos, na próxima terça (dia 5). E será um belo duelo no montinho, com Dane Dunning enfrentando Framber Valdez.
PROGRAMAÇÃO #MLBnaESPN
Sexta, 1/set
21h - New York Yankees x Houston Astros (ESPN 3 e Star+)
Sábado, 2/set
19h30 - Chicago Cubs x Cincinnati Reds (Star+)
Domingo, 3/set
20h - New York Yankees x Houston Astros (ESPN 3 e Star+)
Segunda, 4/set
19h30 - Philadelphia Phillies x San Diego Padres (ESPN 4 e Star+)
Terça, 5/set
21h - Houston Astros x Texas Rangers (ESPN 4 e Star+)
Quarta, 6/set
22h30 - Baltimore Orioles x Los Angeles Angels (ESPN 4 e Star+)
Quinta, 7/set
19h30 - Seattle Mariners x Tampa Bay Rays (Star+)
Sexta, 8/set
20h - Baltimore Orioles x Boston Red Sox (ESPN 3 e Star+)
MAIS BEISEBOL E SOFTBOL NO STAR+
Sábado, 2/set
15h - LMB (playoffs): Leones de Yucatán x Pericos de Puebla, jogo 3
19h - LMB (playoffs): Leones de Yucatán x Pericos de Puebla, jogo 4
Domingo, 3/set
19h - LMB (playoffs): Leones de Yucatán x Pericos de Puebla, jogo 5
Terça, 5/set
22h30 - LMB (playoffs): Pericos de Puebla x Leones de Yucatán, jogo 6
Quarta, 6/set
22h30 - LMB (playoffs): Pericos de Puebla x Leones de Yucatán, jogo 7
Sexta, 8/set
22h30 - LMB (Final): Jogo a definir, jogo 1
Obs: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração
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