Petkovic é mais um personagem do 'efeito dominó' no Vitória

Elton Serra
Elton Serra

Ivã de Almeida, Petkovic e Sinval Vieira: os três fora do Vitória
Ivã de Almeida, Petkovic e Sinval Vieira: os três fora do Vitória Maurícia da Matta/EC Vitória

Os últimos dias de Dejan Petkovic no Vitória não foram dos mais tranquilos. Desde a demissão de Alexandre Gallo, na semana passada, seu telefone não parou. Na busca por um substituto para treinar o rubro-negro, ouviu alguns “nãos” – inclusive de Paulo César Carpegiani que, ao contrário do que foi divulgado, sequer quis abrir negociação para retornar à Toca do Leão. Coube a Petkovic negar, em entrevista coletiva, que o Vitória já havia contratado um técnico. Na verdade, o clube estava na estaca zero.

O sérvio, hoje ex-diretor de futebol do Vitória, sempre foi um profissional bem intencionado. Suas boas ideias de gestão impressionavam quem as ouvia. Porém, o discurso passou bem longe da prática, naturalmente pela impossibilidade de aplicar essas ideias num ambiente que ainda tenta se profissional. Vítima de um “efeito dominó”, que derrubou o presidente Ivã de Almeida, o antigo diretor de futebol Sinval Vieira e o próprio Alexandre Gallo, Petkovic não resistiu à pressão de um clube que, tradicionalmente, é pautado de fora para dentro.

É bem verdade, também, que Pet alcançou um cargo importante de uma maneira muito precoce. Não tinha experiência suficiente para conduzir um departamento vital num clube de futebol, que disputa um dos maiores campeonatos do mundo. É como se um jogador da equipe sub-20, com poucos jogos na equipe principal, recebesse a camisa 10 e a faixa de capitão. Petkovic não se preparou o suficiente para ser o líder de uma mudança organizacional no Vitória, além de não ter apoio de profissionais mais experientes na diretoria. Pagou caro por isso.

A decisão da diretoria em desligar Dejan Petkovic da direção de futebol do clube tem um motivo bem específico: criar terreno para a chegada de um novo técnico, capaz de motivar novamente o grupo e fazer a equipe jogar de maneira mais organizada. Por mais que o sérvio tenha melhorado a relação com os atletas após sua rápida passagem como treinador, o desgaste persistiu e não foi capaz de transformar o ambiente. Agora, porém, são três cargos vagos dentro do Vitória – além de um técnico e um diretor, o rubro-negro terá que buscar um gerente de futebol no mercado.

O Vitória, com Pet ocupando cargos executivos, contratou 11 jogadores em dois meses. Nem todos são titulares, e alguns sequer estrearam. Após sua chegada, o clube deixou de apostar em “medalhões” e se dedicou em buscar atletas menos notados no mercado, mas com certa experiência no futebol brasileiro, como os meias Carlos Eduardo e Danilinho. Apesar de não ser garantia de sucesso, a estratégia mudou. Era tarde demais.

Petkovic, digamos, foi um cara certo na hora errada. O erro em estar numa diretoria que vive constante processo de encontro da sua identidade, e o erro em ocupar um cargo que exigiria muito mais experiência pesaram bastante. Ficaram as lições, que ninguém sabe se serão aprendidas pelos dois lados. Só o tempo dirá.


Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br

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