Por que tanta certeza em relação à honestidade da arbitragem nacional?
AVISO: este post foi publicado pela primeira vez em 2012 e, portanto, não trata de um suposto benefício premeditado ao Corinthians no Brasileirão de 2015. Só reproduzo agora (com pequenos adendos) porque a lógica de raciocínio relatada abaixo permanece presente.
Edilson Pereira de Carvalho: nos tempos dele, muitos já diziam "é só incompetência"
“Não houve má intenção. A arbitragem brasileira é só incompetente”.
A frase virou praticamente um mantra em programas esportivos, e eu mesmo já devo ter repetido a expressão algumas vezes.
Mas, parando para pensar, o que nos garante? O que nos permite repetir, com tanta convicção, que os inúmeros erros cometidos pelos árbitros no Brasileirão não são, em parte, premeditados?
A lisura da CBF? A seriedade com que o futebol brasileiro é tratado pelos órgãos por ele responsáveis? O incontestável sistema de seleção de árbitros?
Não há motivos para confiar tão cegamente na honestidade da arbitragem nacional.
Ok, sua incompetência é incontestável. Mas isso não nos permite afirmar, com a convicção que se tem afirmado, ser absurdo pensar em premeditação.
Em 2005, quando os erros de arbitragem já ocorriam em abundância, o discurso não era diferente do atualíssimo “é só incompetência”.
Pois bem: o Campeonato Brasileiro daquele ano teve 11 partidas anuladas porque ficou comprovada a desonestidade, a premeditação e a má intenção de um dos árbitros do torneio, Edilson Pereira de Carvalho (e aqui vale destacar: premeditação pode ter uma série de outros objetivos que não apenas beneficiar ou prejudicar um time específico).
Não parece que, de lá pra cá, as coisas tenham mudado tanto no futebol brasileiro.
Sem provas, é absolutamente leviano e irresponsável fazer qualquer insinuação em relação aos erros de fulano ou ciclano. Até por isso não escrevo esse texto logo após uma rodada ou um específico jogo polêmico.
Mas, diante de tantos e repetidos erros, é preciso pelo menos desconfiar. Investigar. E afastar provisoriamente os responsáveis pelos erros menos justificáveis.
Antes de investigações detalhadas, veredictos de absolvição sobre premeditação são quase tão infundados quanto veredictos de culpa.
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Resposta aos vários (e esperados) “você está sendo leviano” ou “todo mundo é inocente até que se prove o contrário” nos comentários.
Não estou acusando ninguém. Não estou sendo leviano. Estou dizendo que, diante de tantos erros, não é possível descartar de antemão UMA DAS HIPÓTESES, que é a premeditação. Exemplo: se a contabilidade de uma empresa apresenta muito erros (balanço irregular), não concluímos antecipadamente que a irregularidade se deu por erro involuntário, por incompetência. Investiga-se para saber se houve ou não má fé. Por que então, no futebol brasileiro, concluímos que a batelada de erros recorrentes é involuntária e fruto APENAS de incompetência? Não vejo motivo para acreditar que o futebol seja um oásis de honestidade na sociedade.
Fonte: Gian Oddi
Por que tanta certeza em relação à honestidade da arbitragem nacional?
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