A expulsão de Janderson poderia não ser absurda. Em outro contexto
É compreensível a irritação de qualquer um que goste de futebol ao ver um jogador ser expulso de campo por abraçar seus torcedores na comemoração de um gol, como ocorreu com o corintiano Janderson no último domingo, durante o clássico contra o Santos.
Tão simples quanto criticar a decisão de mostrar o cartão é compreender que, uma vez orientado a tomar tal atitude, não resta ao árbitro outra decisão – a não ser que achemos que o mesmo deva se comportar como um mártir, arriscando sua presença na escala das rodadas seguintes por não aplicar um cartão que considera injusto, mas que ele é orientado por seus chefes a mostrar.
A questão toda está justamente aí, no motivo dessa orientação. Ela faz sentido num caso como o clássico de domingo? Ela pode fazer sentido em algum caso? Creio que a resposta seja negativa para a primeira pergunta e positiva para a segunda.
Como sempre, como em quase tudo, bastaria o bom senso para que entendêssemos quando a tal orientação para o cartão deveria ser acatada pelo árbitro e quando não deveria.
Quem lembra da comemoração do primeiro gol de Ronaldo com a camisa do Corinthians, num clássico contra o Palmeiras em Presidente Prudente, em março de 2009, há de convir que, naquele caso, se a ameaça de um cartão pudesse evitar que o atacante se pendurasse no alambrado (que desabou em cima dos torcedores presentes, por sorte sem maiores consequências) não discutiríamos a fatídica orientação.
Estamos, porém, citando um episódio de mais de uma década atrás. Quando alambrados, fossos e grades eram as regras nos estádios brasileiros, não exceções. Quando as novas arenas nem sequer existiam por aqui.
Só que o contexto mudou, os palcos hoje são outros, e não faz mais sentido que essa orientação não seja flexibilizada de acordo com o cenário do jogo, de acordo com o risco real que a comemoração pode causar.
Nos estádios ingleses, por exemplo, comemorações de jogadores em meio torcedores são comuns. E não são punidas porque não representam risco, fazem parte da festa.
A análise de cada caso antes do início do jogo é simples (e ela pode ser até prévia, feita pela própria CBF/federações), não requer cálculos de engenharia, e bastaria ao árbitro, quando constatar o risco de uma eventual comemoração junto à torcida, informar aos capitães antes do jogo, aí sim explicando que, caso a orientação não seja cumprida, ele mostrará o cartão.
Não era o caso do jogo na Arena Corinthians, como não seria no Maracanã e na maior parte dos estádios brasileiros da Série A.
E por mais que os estádios sejam diferentes – e a permissividade também viesse a ser –, deixar de lado a intransigência e flexibilizar a orientação para o cartão não significaria benefício esportivo a time algum. O único beneficiado, neste caso, seria o torcedor brasileiro, raramente priorizado nas decisões que norteiam o futebol por aqui.
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Fonte: Gian Oddi
A expulsão de Janderson poderia não ser absurda. Em outro contexto
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