Quando a pressão vira piada
No menu brasileiro de pressão sobre técnico de futebol tem opção para todo gosto: tem para técnico campeão brasileiro, técnico com menos de 10 jogos, técnico que cai depois de suas melhores atuações em um bom período e até pra técnico estrangeiro que chega por distração e pede o boné rapidinho para fugir logo dessa terra de malucos.
De todas as pressões, porém, nenhuma é tão surreal como a que vinha sendo vivida pelo português Abel Ferreira, técnico do Palmeiras campeão sul-americano e da Copa do Brasil na última temporada. Não é que as pressões fossem absurdas pela simples existência dos títulos e a indiscutível parcela de Abel nas conquistas, mas sim pelos motivos usados para contestá-lo.
Os motivos? Resultados. Porque os questionamentos pontuais até justos a se fazer após os jogos da Recopa contra o Defensa y Justicia só tiveram peso quando somados à derrota nos pênaltis (com bela atuação) pela Supercopa contra o Flamengo e aos resultados em um campeonato estadual que deveria e deve ser usado como mero laboratório no ano em que o Palmeiras ostenta o recorde mundial de número de partidas disputadas.
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A necessidade de desprezar ou menosprezar o Paulista, possivelmente discutível em outro grau nos anos anteriores, nunca foi tão óbvia como neste segundo ano de pandemia – um 2021 em que os Estaduais, não vivêssemos num futebol onde os interesses políticos se sobrepõem aos esportivos, deveriam ter sido cancelados da agenda dos grandes para que fosse feito o necessário ajuste de calendário.
A provável eliminação no Paulista também não deveria ser motivo de drama ao se constatar que, entre os 11 atletas que mais jogaram pelo clube no torneio, estão nomes como Vinícius Silvestre, Gustavo Garcia, Lucas Esteves e Rafael Elias; some-se a isso o fato que, mesmo com o fraco desempenho e escalações inéditas a cada jogo, o Palmeiras estaria avançando se estivesse em qualquer outro grupo do torneio.
A goleada por 5 a 0 sobre o Independiente del Valle escancara ainda mais o ridículo das pressões sobre Abel, pois permite a constatação de que, nos cinco jogos disputados com titulares na temporada, o Palmeiras teve duas ótimas atuações contra Flamengo e Del Valle, seus melhores adversários. E nas outras três partidas de desempenho mais questionável, mesmo em meio à mudança no esquema de jogo e peças utilizadas, venceu duas.
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Em que outro lugar do planeta um técnico seria contestado no contexto acima?
Com competidores fortes nas três competições que contam, Abel Ferreira pode não conquistar nada na temporada e poderá, dependendo dos roteiros, ser responsabilizado pelos insucessos. Mas a insanidade que se fazia até essa terça-feira passou a soar como piada na madrugada de quarta.
Uma piada que sem dúvida voltará a ser contada por muita gente na noite de quinta caso o time não derrote a Inter de Limeira com um bando de garotos.
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