Encerrada nesta terça-feira a última Data Fifa antes do início da Copa do Mundo, não sou eu quem diz, mas sim uma pesquisa pelas principais casas de apostas do planeta: a seleção brasileira é, hoje, a principal favorita a conquistar o Mundial que começa em pouco menos de dois meses, no Qatar.
Mas qual a relevância disso, se é que ela existe?
À exceção do que ocorre quando tratamos de campeonatos por pontos corridos, discussões sobre favoritismo no futebol já não costumam significar muito. No caso de uma Copa, em que jogos únicos, de 90 ou 120 minutos, definem quem avança, o valor desse favoritismo é ainda menor.
Para esta Copa, a irregularidade das principais forças da Europa (que levaram os últimos 4 Mundiais) embaraça ainda mais qualquer perspectiva, o que está bem simbolizado pelo fato da atual campeã continental, a Itália, estar fora da Copa – embora após sua eliminação já tenha superado Alemanha e Inglaterra na busca por uma vaga nas semifinais da Nations League.
Nesta mesma competição, a vice-campeã europeia Inglaterra, esta sim classificada ao Mundial, ficou na última colocação do grupo e acabou rebaixada para a segunda divisão do torneio. Após uma sequência de jogos ruins, seu técnico, Gareth Southgate, tem tido o trabalho questionado, como parecia inimaginável um ano atrás.
É quase consenso que, dentre as seleções da Europa, a França é a principal candidata ao título. Reflexo da qualidade de seu elenco, talvez o melhor do mundo, e não do futebol jogado – a atual campeã mundial caiu nas 8ªs da Euro, diante da Suíça, e na Nations deste ano ficou só em 3º lugar de seu grupo, atrás das competentes Croácia e Dinamarca.
Tite sorri: se Brasil virou o principal favorito, o mérito é dele
Lucas Figueiredo/CBF
A inquestionável força da Alemanha, vivendo um período de recuperação técnica, parece estar mais ligada à sua gigantesca tradição. A Espanha, um dos melhores times da última Euro, eliminado nos pênaltis pelos italianos numa partida em que jogou até melhor, classificou-se novamente às semifinais da Nations, mas não tem mostrado o mesmo nível da Euro.
Portugal, que viveu um duro golpe ao perder em casa sua vaga na semifinal da Nations por não conseguir arrancar um empate da Espanha, vive situação semelhante à francesa: suas chances de ir longe nesta próxima Copa são até boas, mas têm mais a ver com seu ótimo elenco do que com futebol que costuma jogar sob o comando de Fernando Santos.
Em contrapartida, seleções como Holanda, Croácia e Dinamarca – as duas primeiras também asseguradas nas semifinais da Nations League – chegam mais consistentes para tentar atrapalhar a vida dos gigantes na Copa.
Se os resultados forem os mais lógicos na fase de grupos, Holanda, França e Inglaterra terão vantagens de caminhos teoricamente mais simples até as quartas-de-final do Mundial, algo que não se aplica a Alemanha, Espanha, Croácia e Bélgica, todas com boas chances de se enfrentar já nas oitavas.
Força sul-americana
Diante deste cenário nebuloso das seleções europeias, é normal que as duas principais seleções sul-americanas, Brasil e Argentina, despontem entre as favoritas do Mundial. Se o Brasil surge na 1ª colocação entre apostadores, os argentinos, atuais campeões sul-americanos, aparecem em 3º lugar, atrás também da França.
Nesse contexto, porém, é importante ressaltar que, desde a criação da Nations League, as seleções sul-americanas não têm conseguido fazer enfrentamentos em alto nível como as grandes da Europa são obrigadas a fazer em toda data Fifa. Tite já reclamou do fato, embora seja provável que os treinadores europeus também não desejassem fazer sua preparação quase sem amistosos, apenas em jogos complicados e valendo pontos.
Seja como for, esteja a vantagem do lado que estiver, o fato indiscutível é que o período de preparação das seleções europeias e sul-americanas para esta Copa do Mundo foi completamente diferente, como nunca havia ocorrido. Qual o reflexo disso, se é que haverá algum, constataremos até meados de dezembro, no Mundial.
De qualquer forma, é difícil discutir que, dentro das possibilidades que tinha, Tite fez um trabalho de alto nível para levar o Brasil a figurar na primeira colocação entre os favoritos ao Mundial. Não só pelo ótimo aproveitamento de pontos que teve, mas pela montagem de um forte e equilibrado elenco, por um jogo sólido e competitivo e, hoje, com variações que pareciam improváveis no meio deste último ciclo.
O valor do favoritismo do Brasil, convenhamos, é quase nulo no sentido de aumentar as chances na busca pelo hexa. Ganhar ou perder uma Copa pode inclusive se definir nos detalhes, na sorte ou no azar, no imponderável. O valor do favoritismo de hoje está exclusivamente ligado ao passado, ao trabalho muito bem feito nos últimos quatro anos.
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