Um Fortaleza fora da curva
“Quando voltamos da data Fifa, falei com meus jogadores que teríamos um grande adversário, o Corinthians, mas que o favorito era o Fortaleza”.
O que o técnico argentino Juan Pablo Vojvoda disse aos seus atletas antes da disputa das semifinais da Copa Sul-Americana 2023 contra o Corinthians pode soar, num primeiro momento, mais uma de tantas frases motivacionais vazias utilizadas para elevar o moral de um elenco às vésperas de decisões.
Não foi o caso.
Ainda que tenha usado a frase para motivar, Vojvoda falou uma obviedade para qualquer um que comparasse não só o futebol jogado por Fortaleza e Corinthians em 2023, mas, sobretudo, os trabalhos executados pelas diretorias dos dois clubes nos últimos anos.
Foquemos aqui no Fortaleza, que é, entre os dois semifinalistas, o clube com uma gestão fora da curva em relação ao que estamos habituados a ver no futebol brasileiro. Afinal, ninguém percorre a trajetória traçada pelo clube cearense nos últimos seis anos por acaso.
Uma trajetória que tirou o Fortaleza da Série C em 2017 para levá-lo à primeira final internacional de sua história em 2023. Durante esses seis anos, o time conquistou ainda um pentacampeonato estadual, venceu duas Copas do Nordeste, chegou à semifinal da Copa do Brasil, às oitavas da Libertadores e obteve sua melhor colocação na história do Brasileirão, o quarto lugar em 2021.
Entre tantos clubes brasileiros que vivem de lampejos e aleatoriedades, do apego ao passado e da suscetibilidade às mais diversas pressões, o Fortaleza é um caso raro. Não obteve seus resultados por mera casualidade, mas também não os alcançou gastando mais dinheiro do que podia e devia, como ainda fazem tantos gigantes.
Nosso contexto esdrúxulo talvez faça com que os méritos do Fortaleza sejam mais ressaltados do que seriam em um ambiente com futebol mais saudável? É provável: onde mais uma diretoria seria elogiada por não demitir um técnico com a capacidade e os créditos de Vojvoda no ano passado, quando time era lanterna do Brasileiro devido a uma conjuntura tão específica quanto evidente?
Fazer o óbvio, no futebol brasileiro, já é um mérito considerável.
Mas evoluir da maneira como o Fortaleza evoluiu, de forma sustentável – segundo seu presidente, Marcelo Paz, saindo de um orçamento de 24 para 3oo milhões de reais em apenas seis anos – é um mérito consideravelmente maior, mais significativo e que pode indicar muito sobre o futuro do clube.
Estamos falando de futebol, e o resultado da tão aguardada final do dia 28 de outubro, em Punta del Este, não pode mudar absolutamente nada na avaliação da excelente gestão do Fortaleza. Mas, se o título vier, será um merecido prêmio para coroar esse belíssimo trabalho.
Siga @gianoddi
No instagram @gianoddi
No Facebook /gianoddi
Um Fortaleza fora da curva
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.