Regras do jogo versus orientações e 'espírito do jogo': polêmicas e problemas
Leis do Jogo, tradução ao ‘pé da letra’ do inglês para o português sobre as Regras do Jogo. A lei é para ser cumprida, mas nem sempre é clara e em alguns momentos deixa margens para distintas interpretações. E então entram as orientações dos instrutores de arbitragem.
No gol do Palmeiras contra o Atlético-MG pela Libertadores, a regra não é interpretativa, a Regra 3 no item 9 é um dos pontos que deixa claro o que a arbitragem deve fazer, sem margem para “achismos”.
Se perguntado em uma prova teórica a situação que ocorreu no gol do Palmeiras, com uma pessoa extra da equipe que marcou o gol em campo, os árbitros que conhecem a regra escolheriam, com certeza, a resposta que anularia o gol.
Mas de repente surgem orientações que não existiam ou se existiam pouquíssimos conheciam, seja no campo ou no VAR, e que contradiz o próprio texto da regra.
Aconteceu agora com uma orientação nova que ninguém sabia sobre o gol do Palmeiras, aconteceu na final da Copa América de 2019 no pênalti marcado contra o Brasil, de Thiago Silva, que era contrário à regra do jogo naquele momento. Orientações que aparecem depois de erros da arbitragem. Seria para ‘justificar’ o injustificável?
A regra é texto, a regra é lei, entretanto por não ser clara em vários pontos acabam sendo necessárias orientações. A questão é que as orientações nem sempre são uniformes, usam o mesmo critério, chegam a todos os árbitros e da mesma forma.
Veja o gol de Dudu que teve invasão de Deyverson!
Muitas vezes as orientações da FIFA brincam de ‘telefone sem fio’, chegam distorcidas ao ponto final. É possível ver como as orientações da Europa diferem das sul-americanas, nem sempre o que é pênalti aqui será infração para os europeus ou um lance para cartão. Nem sempre a orientação passada pela Conmebol é a mesma da CBF.
E o que dizer das orientações entre as federações brasileiras. Só para exemplificar, a Federação Paulista trouxe Jorge Larrionda, instrutor FIFA, para orientar os árbitros durante o Paulistão 2021, porém, os paulistas receberam orientações que os outros árbitros do Brasil não tiveram.
O que dizer dos árbitros do quadro da FIFA que recebem cursos exclusivos e na maioria das vezes não repassam as informações. Claro que há exceções, aqueles que fazem questão de repassar o conhecimento para os colegas, mas são poucos.
Ah, mas e o ‘espírito do jogo’ citado na regra? Sim, ele é mencionado. Mas o que você entende sobre ‘espírito de jogo'? Será que é o mesmo entendimento do outro? O árbitro precisa conhecer o futebol para entender esse espírito, mas quantos têm o mesmo entendimento?
E assim surgem as faltas de critérios, as ‘desculpas’ ou justificativas para erros cometidos principalmente em jogos importantes.
A regra é universal, as orientações e o espírito do jogo não. Se essas orientações diferem de lugar para lugar e nem sempre chegam à todos, como ficam os jogadores, dirigentes, jornalistas e torcedores para realmente terem noção do que é coerente com a regra ou não?
O texto da regra do jogo deve prevalecer e alguns pontos devem deixar de serem apenas orientações e ‘espírito do jogo’ para se tornarem regras. Se o gol será anulado somente se a pessoa extra, da equipe que o marcou, interferir no jogo isso tem que ser texto/regra e não orientação que ninguém conhecia. Senão, cada vez mais o futebol apresentará falta de critérios e justificativas para erros.
Como eu sempre digo, não concordo com vários pontos das regras, mas ela existe e deve ser cumprida. Assim como parece que, muitas vezes, quem faz as regras e passa orientações não entende, não conhece e não estuda o futebol.
Fonte: Renata Ruel
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