Michael Jordan x Tim Tebow: quem é melhor… no beisebol?
Quando se fala em esportes em Birmingham, é mais comum pensar em um motor roncando do que uma torcida vibrando por uma equipe. A cidade do Alabama é conhecida por ser sede do autódromo de Barber, sede de provas da Indy, e estar próximo a Talladega, um dos templos da Nascar. Esportes coletivos, só em ligas menores ou as equipes do UAB Blazers, normalmente coadjuvantes nas competições universitárias. Mas, há 25 anos, todo o universo do beisebol e do basquete voltavam seus olhos para a capital da siderurgia no sul dos EUA*.
Nesta segunda, completou-se um quarto de século da estreia de Michael Jordan como defensor externo do Birmingham Barons. Uma situação inimaginável alguns meses antes, mas que transformou o time de ligas menores (competições profissionais que funcionam como espécie de categoria de base ou liga de desenvolvimento) ligado ao Chicago White Sox em atração instantânea.
VÍDEO: Há 25 anos, Michael Jordan fez sua estreia no beisebol depois de deixar o Chicago Bulls
A temporada 1992-93 da NBA terminou com título do Chicago Bulls, o terceiro seguido da dinastia comandada por Jordan. Mas, semanas depois, o maior jogador da história do basquete perdeu seu pai, assassinado durante um assalto. A tragédia o afetou bastante, a ponto de, pouco antes de se apresentar para a pré-temporada dos Bulls em outubro de 1993, ele anunciar que abandonaria o basquete e tentaria a carreira no beisebol. Uma homenagem ao pai, que sonhava em ver o filho jogando na MLB.
Mesmo sendo um novato-veterano de 31 anos, encontrar um time foi fácil. Primeiro, porque qualquer equipe gostaria de ter uma estrela como Jordan na sua pré-temporada e nas ligas menores. Segundo, porque o dono dos Bulls, Jerry Reinsdorf, era (ainda é) dono também do Chicago White Sox. Assim, foi assinado um contrato de ligas menores e Jordan foi designado para atuar no Birmingham Barons no nível double-A (equivalente ao time C dos White Sox) pela temporada de 1994.
Ficou uma temporada, depois jogou na Liga de Outono do Arizona (onde atuam as principais promessas das ligas menores). Decidiu retornar ao basquete em março de 1995, após uma greve dos jogadores da MLB tornarem real a chance de ser chamado para o time principal (no papel de fura-grave, que ele queria evitar).
VEJA: Jordan Rides the Bus (para assinantes do WatchESPN)
Corte rápido, avancemos 22 anos. Tim Tebow, estrela do futebol americano universitário, anuncia o desejo de se tornar jogador de beisebol após não vingar na NFL. Ele acabou recebendo uma oferta de jogar as ligas menores pelo New York Mets. Tornou-se atração por onde passou e tem tentado chegar à MLB desde então.
Dentro de seus esportes reais, não existe a menor possibilidade de comparar Jordan com Tebow. Um é um dos maiores atletas da história, somando todas as modalidades. Outro foi um jogador a mais que teve carreira curta na NFL. Mas, e no beisebol?
A comparação é mais fácil do que parece. Ambos jogaram na Liga de Outono do Arizona e em liga Double-A. Então, dá para considerar que atuaram contra adversários de nível técnico parecido.
Jordan fez uma temporada no Birmingham Barons, com aproveitamento de 20,2% no bastão, 3 home runs e 51 corridas impulsionadas em 127 jogos. Depois, atuou na Liga de Outono do Arizona, com 25,2% de aproveitamento, nenhum home run e 8 corridas impulsionadas. Os números pelos Barons não impressionam, mas é verdade que eles começaram muito piores e foram melhorando ao longo do ano, quando o craque do basquete desenvolvia mais sua técnica no beisebol. As estatísticas no Arizona foram boas para o nível técnico.
Tebow atuou em quatro níveis das ligas menores, do single-A até o triple-A (onde está neste ano). Pegando apenas os números nos níveis equivalentes aos de Jordan, o ex-quarterback do Denver Broncos teve 27,3% de aproveitamento, 6 home runs e 36 corridas impulsionadas em 84 jogos pelo Binghamton Rumble Ponies em 2018. Se não tivesse se contundido no final da temporada, tinha chances reais de ser chamado para o elenco dos Mets em setembro. No Arizona, teve 19,4% de aproveitamento, com nenhum home run e duas corridas impulsionadas em 2016.
As estatísticas favorecem Tebow no double-A, mas Jordan foi melhor na Liga do Arizona. Para tirar a conclusão, é preciso considerar os cenários que cada um enfrentou.
Tebow estreou diretamente na Liga do Arizona, antes mesmo de disputar qualquer competição profissional de beisebol. Era normal ter números muito ruins. Depois, se integrou às equipes filiais dos Mets. No primeiro ano, teve 22,6% de aproveitamento, 8 home runs e 52 corridas impulsionadas em 126 partidas pelos níveis single-A e single-A+. Tirando o aproveitamento, em que o ex-QB foi melhor, os demais números são incrivelmente semelhantes aos de Jordan em sua única temporada, mas contra adversários de nível técnico mais baixo.
Quando foi ao Double-A, Tebow já carregava uma temporada de experiência e treinamento específico no beisebol. Por isso, é legítimo imaginar que Jordan teria condições de evoluir se seguisse no diamante por mais tempo. Terry Francona, atual técnico do Cleveland Indians e treinador de MJ nos Barons, disse que o craque do basquete tinha potencial para chegar à MLB.
No geral, dá para dizer que, no beisebol, Tebow e Jordan são jogadores de níveis semelhantes. Mas se você tivesse de escolher um deles para seu time, a vantagem é de Tebow, que tem mais potencial de crescimento por entrar no esporte com três anos de idade a menos e não carregar a possibilidade de retornar à sua modalidade de origem.
Mas, comparações à parte, só a menção a “possibilidade real de chegar à MLB” já torna as duas histórias fantásticas.
* Pittsburgh é a capital da siderurgia nos Estados Unidos. Birmingham é forte nesse setor, a maior do sul do país, e por isso ganhou o apelido de “Pittsburgh do Sul”.
Fonte: Ubiratan Leal
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