Novo sistema de playoff da MLB: como seria e o que ele indica
A Major League Baseball vai mudar, já está mudando. A queda de popularidade do beisebol entre as novas gerações enfim começou a incomodar a principal liga profissional da modalidade, e a MLB percebeu que era necessário realizar alterações que tornassem seu torneio mais atrativo para os jovens, mais agitados e ultraconectados. A maior parte das medidas visa reduzir o tempo dos jogos, mas há uma mais ousada e polêmica: mudar os playoffs.
Atualmente, o mata-mata da MLB é disputado por cinco equipes na Liga Americana e outras cinco na Nacional. Os três campeões de divisão se classificam automaticamente para as séries divisionais (equivalente a semifinais de liga), onde encontram o vencedor do jogo de wildcard (repescagem) realizado entre os dois melhores times que não venceram divisão alguma. Nas séries divisionais, o time de melhor campanha pega o vencedor do wildcard, enquanto que o segundo cabeça de chave pega o terceiro. Daí temos finais de ligas e a World Series, a decisão geral.
Pela proposta da MLB, seriam sete classificados em cada chave: três campeões de divisão e quatro wildcards. O time de melhor campanha teria uma vaga direta na série divisional. Os outros dois campeões de divisão e o primeiro wildcard enfrentariam os outros três wildcards em séries melhor de três, com todos os jogos na casa dos cabeças de chave. Como seria feito o emparceiramento? Os cabeças de chave escolheriam o adversário. Isso mesmo: seria realizado um evento em que o segundo time de melhor campanha escolhe qual dos wildcards quer enfrentar. Depois o terceiro campeão da divisão escolhe e o melhor wildcard fica com quem sobra.
Obs.: a fase de wildcard seria em melhor de três, mas não precisaria de datas extras em relação ao formato atual. Ela apenas ocuparia os dias de descanso antes e depois dos jogos de wildcards atuais. Ou seja, o time que pulasse essa fase não perderia tanto ritmo de jogo assim.
Nesse formato, a MLB tenta atingir dois alvos: aumentar a quantidade de time envolvidos na temporada regular e criar mais eventos com potencial de atrair a mídia. A primeira parte é fácil de entender: nos últimos anos, cresceu bastante a quantidade de times que não lutaram pela temporada, pensando apenas em economizar dinheiro e atrair jovens para se tornar competitivo no futuro. Ainda que faça sentido como estratégia, isso faz que algumas equipes tenham cerca de 500 jogos de temporada regular valendo muito pouco, alienando seus torcedores. Com mais vagas disponíveis, os playoffs são mais acessíveis e poucas franquias realmente se verão fora da disputa já no começo do ano.
A segunda parte é a mais polêmica. A MLB tem a desvantagem de ver seus playoffs ocorrerem em uma época do ano em que NFL, futebol americano universitário, NBA e NHL estão em disputa. Ou seja, dividindo atenção do público. Por isso, criar momentos de tensão e polêmica ajuda a cutucar o torcedor. E um evento em horário nobre de domingo em que os times escolhem quem enfrentarão (incluindo aí todo o debate que se estenderá nos dias anteriores sobre qual seria a melhor estratégia de cada um) tem um sabor diferente.
Já dá para imaginar o cenário. A MLB inclui no seu pacote de direitos de transmissão a venda do evento em que os cabeças de chave escolhem seus adversários e mais seis séries de wildcard, o que garante de 12 a 18 jogos decisivos (ao invés dos dois jogos atuais). Isso vale milhões diretamente e outros milhões indiretamente, com o espaço conquistado nas conversas pelas ruas, nas redes sociais e na mídia.
O problema é: tudo isso faz sentido comercial, mas soa apelativo esportivamente. Encaixar os sete classificados em um sistema de disputa não é natural, precisa de um contorcionismo grande no regulamento. E dar aos clubes o direito de escolher seus adversários é criar polêmicas fáceis.
Ainda assim, o lado econômico provavelmente falará forte e não haverá muita resistência dentro da liga para aprovar o formato. Os clubes gostarão de saber que os playoffs estão mais acessíveis. O sindicato de jogadores gostará de saber que mais associados disputarão o mata-mata. Os árbitros gostarão de ter mais chances de serem chamados para um trabalho extra em outubro. E todo mundo adorará ratear esse dinheiro extra que entrará. Mesmo a TV, que terá de gastar mais dinheiro, não achará ruim perceber que recuperou isso com a audiência das novas fases e de uma temporada regular com menos jogos irrelevantes.
Mas o sistema que a MLB escolheu para revitalizar os playoffs me fez pensar em outra coisa. Encaixar os sete classificados e a fase de wildcard com três confrontos soa forçado no modelo atual, mas ficaria bastante natural se… cada liga tivesse quatro divisões. Com quatro divisões, a melhor campanha entre os campeões vai direto para a série divisional, enquanto que os três campeões de divisão seguintes escolhem entre três classificados por wildcard. Faz muito mais sentido.
E como a MLB dividiria suas ligas para ter quatro grupos? Hoje, com 15 times na Liga Nacional e outros 15 na Americana, muito difícil. No entanto, se as grandes ligas expandirem para 32 franquias, uma em cada liga, são 16 para dividir em quatro grupos de quatro times. Exatamente como a NFL.
Rob Manfred, comissário da MLB, já disse que a liga pretende ampliar a quantidade de equipes. Para isso, só precisa resolver a questão dos estádios de Tampa Bay Rays e de Oakland Athletics. Talvez essa expansão não esteja tão distante assim e a entidade já faça planos pensando nisso.
Fonte: Ubiratan Leal
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