Um Feliz Dia das Mulheres a todas as fisiculturistas e atletas mulheres!
Dia 8 de março é o Dia Internacional das Mulheres. Uma data para nos lembrarmos de nossas lutas e conquistas pelos direitos à igualdade em todos os setores da sociedade.
E talvez nada represente tão bem a desigualdade de gêneros do que o esporte! Se tomarmos como exemplo o seu evento máximo, as Olimpíadas, vamos perceber o quanto a mulher sempre foi discriminada. Nas Olimpíadas clássicas, elas não só não podiam competir como não podiam sequer assistir, sob pena de serem condenadas à morte.
Com o advento das Olimpíadas modernas, em 1896, a proibição de competir continuou, e às mulheres sobrou apenas o direito a assistir. Foi somente em 1936 que as atletas femininas foram realmente reconhecidas pelo Comitê Olímpico Internacional. E apenas em 2012, nas Olimpíadas de Londres, é que todas as delegações enviaram atletas mulheres.
No Rio de Janeiro, em 2016, um novo marco: a maior participação feminina da história- 5% das atletas foram mulheres. Mas é claro que esta equidade se aproxima somente em número de participação, já que a diferença de cobertura e de patrocínio é ainda abissal.
A mulher o e fisiculturismo
Se no esporte em geral o preconceito contra a mulher sempre foi e ainda é latente, o que não dizer especificamente do fisiculturismo? As mulheres que “ousaram e ousam” participar do esporte são consideradas “masculinizadas”, “pouco atraentes” e “grosseiras”. E isso acontece desde o início da participação feminina nesse esporte!
Criado pelos antigos gregos e egípcios, levantar pesos para criar músculos era originalmente para entretenimento, um espetáculo de circo. O propósito inicial não era para gratificação própria ou para ganho pessoal, mas para agradar as centenas de espectadores que atraiu.
Com o passar do tempo, esse “show de horrores” se transformou na primeira competição de fisiculturismo, em 1891, chamada “The Great Show”. O prêmio foi monetário e marcou o início do culturismo para outros fins que não o entretenimento circense.
O bodybuilding cresceu para uma grande empresa corporativa, focada em pessoas que querem ganhar massa muscular por razões estéticas e pessoais. O Mr. Olympia foi uma das primeiras competições de fisiculturismo em grande escala, e que atraiu milhares de fisiculturistas para lutar pelo título. Com o aumento da popularidade, as mulheres começaram a entrar no campo também, mas não sem resistência.
Em 1980, Olympia Fitness & Performance Weekend de Joe Weider, criadores do Mr. Olympia, decidiu expandir a competição. Eles criaram a Olympia, a versão feminina do super popular Mr. Olympia. Rachel McLish se tornou a primeira vencedora da Ms. Olympia e quebrou as barreiras para as mulheres na comunidade de fitness. Outras fisiculturistas, como Bev Francis, Anja Langer, Cory Everson, Lenda Murray e muito mais continuaram o legado para a construção do corpo feminino e, posteriormente, a igualdade das mulheres.
Altos e baixos
Mas se engana quem pensa que a partir desse momento, o esporte se firmou de forma simples e sem lutas. Em 2005, por exemplo, o próprio Olympia Fitness & Performance Weekend, de Joe Weider, implementou a “regra dos 20%”, pedindo às mulheres que diminuíssem o conteúdo dos seus corpos musculares, em um fator de 20%. A organização deu uma explicação simples sobre as novas regras, mas os fãs e competidores perceberam uma mensagem clara: aos olhos dos organizadores as mulheres pareciam “muito masculinas”. E, em 2015, mais um golpe: Ms. Olympia foi abandonada, e a possibilidade de ver mulheres no culturismo diminuiu muito.
No entanto, mesmo sem o Ms. Olympia, nos últimos anos, o esporte cresceu e federações que unem o universo fitness com o fisiculturismo, como o WBFF, por exemplo, vem crescendo em importância no mundo todo!
Mas não sem preconceito! Eu mesma já cansei de ler comentários ofensivos sobre a minha aparência e meus músculos, mas sei que este é o preço pelo pioneirismo e por sermos o que realmente queremos, sem nos ater aos rótulos e àquilo que esperam de nós.
Embora nós mulheres tenhamos colocado nossos pés na porta e conquistado espaço no mundo do fisiculturismo, sei que ainda temos um longo caminho a percorrer antes de realmente sermos aceitas e recebermos justiça nesse mundo.
A chave para a igualdade é que a sociedade pare de dizer às mulheres como elas devem ser e permita que as pessoas vivam suas vidas como quiserem.
Por isso, neste dia Internacional das Mulheres, deixo toda a minha gratidão àquelas que vieram antes de nós nesse esporte, abrindo espaço e destruindo preconceitos. E espero continuar este legado lutando sempre pelas mulheres, não somente no fisiculturismo, mas em toda a sociedade.
A mulher deve ter o corpo que ela quiser ter! E não aquele imposto pela sociedade ou pelos homens. Seja mais gordinha, magrinha, musculosa, não importa, o importante é estar no corpo que a faça feliz! É o que defendo e é por isso que luto todos os dias!
Vamos comemorar nosso dia dizendo “sim” à liberdade de sermos aquilo que quisermos e 100% donas de nossos corpos!
Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci
Um Feliz Dia das Mulheres a todas as fisiculturistas e atletas mulheres!
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