O que Guardiola ensina aos brasileiros ao beijar medalha de vice da Champions League
Pode ter acontecido numa mera disputa de crianças ou até mesmo numa irrelevante competição jogada por jornalistas: se você já teve a chance de assistir a campeonatos de futebol amadores, certamente já viu os derrotados numa final arrancarem de seus pescoços as medalhas de prata como se elas fossem compostas por algum material radiativo.
É justo dizer que a sensação do fracasso e o incômodo da derrota recente podem colaborar com a atitude, tão antipática quanto antidesportiva. Mas não é só isso. Porque nada justifica que, diante da derrota, todos reajam da mesma maneira, como se houvesse não só uma uniformidade nos sentimentos, mas nas reações a esses sentimentos. Como se fôssemos todos iguais.
Chelsea domina, vence o Manchester City e é campeão da Champions League; assista
Já faz um bom tempo, desde a existência da comunicação de massa, que gestos de ídolos como jogadores de futebol tendem a ser copiados. Copiados por atletas mais jovens, candidatos a ídolos. Copiados nos videogames. Copiados por crianças. Por tiktokers. Por jornalistas em campeonatos de brincadeira. Copiados incondicionalmente, sem pensar. São muitas vezes gestos estéticos, poses, nada além.
Por isso chamou a atenção de tanta gente, no último sábado, quando Pep Guardiola, o maior e melhor técnico do planeta, beijou sua medalha de prata logo após perder por 1 a 0 para o Chelsea na final da Champions League. Não foi certamente um gesto ensaiado ou arquitetado, até porque não seria normal o técnico catalão ter ensaiado o que faria em caso de derrota.
Dentro de campo, Guardiola tentou surpreender, com uma escalação inusitada (e estranha), o alemão Tomas Tuchel. Não deu certo. Na premiação, seu surpreendente gesto, conscientemente ou não, passou uma mensagem óbvia e clara, que só poderia partir de quem consegue olhar não apenas para os últimos 90 dos 1.170 minutos de futebol jogados pelo Manchester City na Champions.
É uma mensagem que serve para nos lembrar – e especialmente no Brasil precisamos ser lembrados disso toda hora – que o futebol é um esporte e, como em todo esporte, haverá sempre vencedores e derrotados. Serve para nos lembrar que perder uma final é melhor que não chegar ali. Serve para nos lembrar que uma derrota não nasce sempre de erros e que o mérito do vencedor pode ser maior que o demérito do perdedor. Que um jogo perdido não deve ser sempre motivo de crise. Serve para nos lembrar, basicamente, o que é o futebol.
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