Eu fiz as pazes com o mar; como é bom voltar!
Dezembro é um mês em que parece inevitável não fazer uma análise se quer sobre a sua vida. Não que sobre muito tempo para tal análise, mas todas as vezes que coloco a cabeça no travesseiro penso em todas as possibilidades que se abriram em 2018, entre elas a volta ao surfe.
Voltar a praticar esporte no mar foi um dos grandes feitos desse ano. Depois de um bom tempo longe das ondas, está sendo incrivelmente bom voltar. Parece que a garota de 15 anos atrás se fez fênix, ressurgindo das cinzas, para enfrentar o trauma e dominar seus medos. E posso dizer com propriedade que não existe nada mais bonito do que isso.
Pegar a primeira onda de bodyboard foi mágico! O mar me rejuvenesceu quinze anos! Aquela garota ainda estava dentro de mim, louca para ir ao mar se divertir, trazendo à tona sensações que eu não lembrava ter sentido. A conexão aconteceu de maneira imediata! "Onde eu estive esse tempo todo?", foi a pergunta que eu fiz saindo do mar depois de uma sessão de surfe. Fez todo sentido! Eu não sabia exatamente onde eu havia me perdido, mas ali eu tive a certeza de ter me encontrado.
Fiz as pazes com aquela garota dos 15, com o mar e com o esporte. Foi o abraço mais gostoso que eu dei na vida!
Voltar depois de um trauma é ter que saber lidar com adversidades e com o medo de maneira redobrada. O medo sempre faz ronda, não desiste fácil, é preciso um bocado de determinação e foco para se manter firme. Respirar, acalmar e lembrar que o motivo de estar ali é conexão. Muito além disso, é preciso respeitar o mar. Não é porque eu voltei que vou me arriscar em dia de mar grande, por exemplo, e isso não significa que não vou tentar. Significa que é já já. Demorei a perceber, mas o esporte é a mais pura construção de auto confiança.
É lindo superar limites, mas é sempre bom relembrar que ninguém ganha do mar. É necessário respeito e conexão. Sem isso, o surfe deixa de ter a magia que tem. Todos os esportes exigem um alto grau de concentração, mas o surfe, bom, o surfe...
Talvez por envolver "mar", o transporte é quase que imediatamente para o estado meditativo mais profundo. Ou você se entrega ao momento presente, ou não é surfe.
E nessa de avaliar a vida e os acontecimentos, percebo que em meses, o surfe mudou coisas que em anos em não consegui - mesmo com ajuda de terapia, tá? Eu não teria como ser mais grata e feliz por ir para o mar me conectar - comigo mesma, com a natureza e com o esporte.
A vida exige entrega, o esporte idem. Confia, entrega, divirta-se. (Sempre dá certo!). Talvez você não precise de um começo, um recomeço basta para mudar tudo. Vai por mim.
Fonte: Juliana Manzato
Eu fiz as pazes com o mar; como é bom voltar!
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