Depois de sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA

NBA na ESPN
Leonardo Sasso, do ESPN.com.br
Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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NBA terá primeira loja física na cidade de São Paulo

NBA na ESPN
ESPN.com.br
Loja da NBA virá para São Paulo
Loja da NBA virá para São Paulo Divulgação

Conforme noticiado em primeira mão pelo jornal "Estado de S.Paulo", a NBA irá abrir sua primeira loja física na capital paulista.

Com previsão de abertura para o começo de abril, a primeira NBA Store em São Paulo ficará na Galeria do Rock, espaço tradicional na capital paulista, e terá 100m².

A NBA já havia aberto lojas no estado, em Mogi das Cruzes e Campinas, além da primeira de todas, no Rio de Janeiro.

"São Paulo, além de ser um lugar estratégico para a nossa expansão, é onde temos uma concentração bastante significativa de fãs. Acho que vamos ter um impacto muito positivo nessa proximidade da marca com o público, e é isso que estamos buscando, estar mais perto dos fãs. A Galeria do Rock tem uma característica muito forte, é um espaço cercado de tendências e estilos. É um ponto diferenciado. É onde se dita a moda, onde surgem os conceitos, e a NBA tem uma conexão urbana muito forte, uma ligação com a música, com a autenticidade, elementos que trazem energia para a marca. Tudo isso nos deu a certeza de que uma loja na Galeria do Rock vai muito além da simples escolha de um local", disse Sérgio Perrella, vice-presidente de licenciamentos e varejo da NBA na América Latina.

"Vamos ter interatividade, com videogame, telas, também teremos as tabelas, para que o fã possa brincar, jogar basquete dentro da loja, uma loja totalmente customizada, para oferecer uma experiência NBA. E vamos estar muito bem localizados, em um ponto premium. Vai ser uma loja bem semelhante às de Rio de Janeiro, Mogi e Campinas, mas com um pouco da individualidade do espaço, da cultura da Galeria do Rock. Teremos produtos diferenciados, que só serão encontrados nessa loja, apostando ainda mais na conexão da loja com o espaço", completou.


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'Complete o Processo': empresa paga propaganda pedindo LeBron nos 76ers

NBA na ESPN
ESPN.com.br

Primeiro anúncio pede para que o 'Processo' seja completado
Primeiro anúncio pede para que o 'Processo' seja completado Reprodução Twitter/@darrenrovell

Uma empresa da Filadélfia quer que o “Processo” dos 76ers seja completado já na próxima temporada.

A Power Home Remodeling pagou por três outdoors na beira de uma estrada para tentar convencer LeBron James a ser jogador do Philadelphia 76ers caso ele resolva testar o mercado no final desta temporada.

A tendência é que James rejeite a opção de US$ 35,6 milhões para voltar a jogar pelos Cavs no próximo ano, e se torne agente livre, aquecendo o mercado de pretendentes.

No primeiro outdoor foi introduzida a hashtag #PhillyWantsLeBron (Filadélfia quer LeBron). No segundo a mensagem era “Complete the Process” (Complete o Processo), enquanto a terceira mostrava uma “escalação” da equipe com o número 23 incluído, junto com uma coroa.

O segundo já lança a hastag
O segundo já lança a hastag Reprodução Twitter/@darrenrovell

E essa formação?
E essa formação? Reprodução Twitter/@darrenrovell

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NBA terá mais uma tarde de troca de figurinhas neste sábado

NBA na ESPN
ESPN.com.br
Tarde das figurinhas da NBA
Tarde das figurinhas da NBA Divulgação

Após o sucesso da primeira edição, a "Tarde das Figurinhas" irá acontecer novamente neste sábado, dia 24, das 15h30 às 19h. O evento serve para promover o encontro dos fãs que possuem o álbum de figurinhas da Panini da NBA e querem completar o livro ilustrado.

Assim como na primeira edição, a "Tarde das Figurinhas" acontece nas lojas da NBA no Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes e Campinas.

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Como troca com os Cavs deixa Lakers mais próximos de terem LeBron e Paul George

NBA na ESPN
Gustavo Faldon, do ESPN.com.br
LeBron James tem opção de testar o mercado ao fim da temporada
LeBron James tem opção de testar o mercado ao fim da temporada Getty

A troca que iniciou o fechamento da janela na NBA é uma que certamente foi boa para os dois lados, algo raro na liga. Mas há de se entender que, mais do que os Cavs, o grande vencedor do negócio foi os Lakers.

Isaiah Thomas, Channing Frye e uma escolha de primeira rodada dos Cavaliers foram trocados por Jordan Clarkson e Larry Nance Jr.

Basicamente, os Cavaliers deram uma oportunidade dos Lakers irem com tudo para cima de LeBron James, Paul George e outros grandes free agents das classes de 2018 e 2019, que incluem não só os dois como DeMarcus Cousins, quem sabe Kevin Durant e Klay Thompson, Kawhi Leonard e Jimmy Butler daqui um ano e meio.

Atualmente, os Lakers têm oito jogadores garantidos no seu elenco da próxima temporada e menos de US$ 40 milhões em salários. Prevendo o teto na casa dos US$ 101 milhões em 2018-19, o time de Los Angeles tem espaço suficiente para contratar duas superestrelas pelo contrato máximo.

LeBron James, por exemplo, é projetado para ter um salário máximo de US$ 35 milhões se abrir mão de sua opção de renovação ao fim dessa temporada com os Cavs e testar o mercado. O mesmo pode acontecer com Paul George, projetado para ter um salário de US$ 30 milhões.

Se os Lakers ainda rescindirem com Luol Deng via “stretch provision” – dividindo os US$ 36 milhões que ainda devem ao ala pelo teto salarial dos próximos cinco anos – e não renovarem com Julius Randle, o time ainda teria US$ 70 milhões no teto salarial, suficiente para trazer George e LeBron.

Ou seja, a troca com os Cavs deu aos Lakers espaço e poder de barganha para trazer ambos. Se isso realmente vai acontecer, já é outra história.

Já os Cavs, com essa verdadeira revolução feita no trade deadline, ficou claro que o time não confia tanto na permanência de LeBron James, cujo relacionamento com a diretoria parece piorar cada vez mais.

Ao adquirir jogadores jovens como Clarkson, Larry Nance Jr., Rodney Hood e se livrar de Dwyane Wade, Isaiah Thomas e não abrir mão da escolha de Draft dos Nets a qual tem direito em 2018 e provavelmente será Top 10, Cleveland prepara o terreno para uma possível transição sem James não ocorrer de forma tão drástica caso venha a acontecer.

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NBA lança série comemorativa de copos colecionáveis para os fãs brasileiros

NBA na ESPN
Copo comemorativo da NBA
Copo comemorativo da NBA Divulgação

Novidade para os fãs brasileiros. A NBA lança neste fim de semana uma coleção inédita de copos colecionáveis, série limitada que estará à venda com exclusividade nas três unidades da NBA Store do país (Barra Shopping/Rio de Janeiro-RJ, Shopping Dom Pedro/Campinas-SP e Mogi Shopping/Mogi das Cruzes-SP). Os copos poderão ser adquiridos de duas maneiras: como brinde nas compras acima de R$ 250,00 ou na compra direta pelo valor de R$ 19,90 (até durarem os estoques). Ao todo, serão oito copos temáticos e o primeiro é comemorativo do NBA Sll-Star Game Los Angeles 2018 (que acontece no dia 18 de fevereiro, no Staples Center / LA-Califórnia), chegando às lojas neste sábado, dia 10 de fevereiro. A cada mês, um novo copo exclusivo será lançado, e março será o mês do Cleveland Cavaliers.

Além de All-Star Game LA 2018 e Cavs, serão lançados copos do Golden State Warriors, Chicago Bulls, Boston Celtics, San Antonio Spurs, dos Playoffs e das Finais.

Esta não é a primeira vez que a NBA lança copos colecionáveis no país. Em junho 2017, em iniciativa inédita, foram vendidos mais de 5,6 mil copos exclusivos durante a ‘The Finals’, ação que promoveu a série de finais da temporada em um casarão temático na Avenida Paulista (São Paulo). Em dez dias de evento, o público viu de perto uma exposição de camisas e itens autografados, réplicas dos vestiários, totens em tamanho real dos astros da liga, participou de brincadeiras na meia quadra, ações de parceiros, encontrou com atletas de várias modalidades e da NBA, como Marcelinho Huertas, Leandrinho Barbosa e Raulzinho Neto, e ainda assistiu aos jogos entre Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors em um enorme telão.

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Mesmo odiado, Lonzo Ball vai, aos poucos, mostrando que é (muito?) bom

NBA na ESPN
Pedro Suaide, do ESPN.com.br
Lonzo Ball em partida contra o New York Knicks
Lonzo Ball em partida contra o New York Knicks Getty Images

22 de junho de 2017, Nova York. Com a segunda escolha no draft da NBA, o Los Angeles Lakers seleciona Lonzo Ball, de UCLA. A escolha, entretanto, já havia sido feita há tempos, mas no caminho oposto: a família Ball já tinha escolhido o roxo e dourado da Califórnia.

Essa confiança - ou prepotência, chame como quiser - da família já não foi muito bem vista. Isso somadoà personalidade única de seu pai, LaVar, fez Lonzo entrar na NBA com milhões de olhos julgando cruelmente cada passo ou história do Instagram do garoto de 20 anos.

Toda essa pressão ajudou o garoto a começar sua carreira com um dos piores aproveitamentos de quadra na história da NBA de um estreante (em seus primeiros 12 jogos, 29,2%, apenas melhor que Wayne Hightower, com 26,8%, considerando os primeiros 12 jogos de sua carreira). Nas primeiras partidas, os Lakers claramente melhoravam quando Lonzo estava no banco, então as críticas vieram - e potencializadas.

Entretanto, o tempo passou, segue passando, e, pasmem: Lonzo Ball é bom jogador! Mas, acima de tudo e mais importante: ele tem MUITO potencial. E isso já é bom demais, pois você não pode esperar que um calouro seja excepcional; é injusto.


Um moleque de 20 anos apresentar muito potencial numa liga dominada por homens mais atléticos, experientes e preparados, que têm entre 25 e 35 anos, é mais do que suficiente. Se, aliado ao potencial, ele apresentar números bons, melhor ainda, uma vez que números são os únicos pontos sólidos que podem ser analisados friamente em um jogador - e eles raramente mentem.

Portanto, vamos a alguns números:

Com Lonzo, os Lakers venceram 15 partidas e perderam 21 (42% de aproveitamento). Sem o camisa 2, venceram 2 e perderam 8 (20% de aproveitamento). Com o armador titular, os Lakers sofrem, em média, 107.8 pontos por jogo. Quando ele senta, o time da Califórnia permite que os adversários marquem, em média, 124 pontos. Além disso, os Lakers, em média, perdem por 15 pontos a mais quando Ball não joga (-1.4 pontos de diferença com ele jogando e -16 pontos de diferença com ele fora).

Sem entrar nos méritos subjetivos, de como a postura do time é outra, ou de como jogadores como Kyle Kuzma também caem de produção sem o armador, os Lakers, como um todo, são piores sem Lonzo Ball.

Agora, comparando o calouro com outros armadores, que se tornaram estrelas na liga, em seus respectivos anos de novato, os números de Lonzo são animadores. Os outros armadores da comparação foram Chris Paul, Damian Lillard, Kyle Lowry, Mike Conley, Stephen Curry, Kyrie Irving, Russell Westbrook e John Wall.

Dentre todas essas estrelas, comparando suas primeiras temporadas na NBA, o Laker tem - por muito - a melhor média por jogo em rebotes (7.1 por jogo, contra 4.9 do segundo) e em tocos (0.9 contra 0.5 do segundo). Em assistências por jogo, Lonzo só não dá mais que Chris Paul e John Wall deram (7.1, 7.8 é 8.3 respectivamente). Entre os 9, ele ainda é o 4º que mais rouba bolas (1.5) e o 4º com menos turnovers (2.7).

Agora, comparando Lonzo Ball hoje com todos os armadores da liga hoje, o jogador dos Lakers mostra que, para um garoto de 20 anos, seu presente já é digno de reconhecimento; que ele, além de um ponto futuro, é uma realidade. O número 2 dos Lakers está entre os 10 melhores armadores da liga em assistências por jogo (5º), rebotes por jogo (3º), roubos de bola por jogo (7º) e tocos por jogo (3º). Isso tudo numa NBA que vive na ‘era dos armadores’.

Podemos ainda dizer que, comparado com os últimos 5 armadores a serem premiados calouro do ano (Derrick Rose, 2008/09; Damian Lillard, 2012/13; Kyrie Irving, 2011/12; Michael Carter-Williams, 2013/14 e Malcom Brogdon, 2016/17), Lonzo dá mais assistências, pega mais rebotes e dá mais tocos do que todos; e só não rouba mais bolas do que MCW roubou.

Ainda dá para deixar anotado que, com sua média de assistências como novato, Lonzo seria o 4º na lista de assistências por jogo na história dos Lakers, além infinitos outros números e por aí vai. Mas vocês já entenderam o ponto.

Pela beleza do jogo, recomendo que assistam seus jogos para entender além dos números. Vejam sua visão de jogo, seus ótimos passes e até seus erros de calouro. E com isso, tirem suas próprias conclusões. A minha é de que hoje, Lonzo Ball é subestimado na liga.

Por mais que odiemos concordar com seu pai, Lonzo Ball é bom, pode ser incrível, e tem tudo para ser o futuro dos Lakers.

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NBA promove ‘Tarde das Figurinhas’ nas três unidades da NBA Store no país

NBA na ESPN
ESPN.com.br

A NBA promove neste sábado, dia 20, a ‘Tarde das Figurinhas’ nas três unidades da NBA Store no país (BarraShopping/Rio de Janeiro, Campinas/ Shopping Dom Pedro e Mogi das Cruzes/Mogi Shopping). A ação, inédita no país, será realizada em parceria com a Panini e vai reunir fãs de todas as idades, colecionadores do Álbum Oficial da Temporada 2017-2018 da NBA, e acontece simultaneamente das 15h30min às 19h. Será um dia especial, onde os fãs poderão trocar suas figurinhas repetidas, participar de ações e desafios para concorrer a brindes oficiais exclusivos, e viver experiências diferentes nos ambientes temáticos da liga. Além disso, apenas neste dia, os colecionadores vão encontrar totens de foto instantânea e levar para casa uma imagem com a possibilidade de escolher como moldura a capa do álbum ou a imagem de qualquer uma das 30 franquias da NBA.

Inauguradas em outubro de 2017, as lojas de Campinas e Mogi, ao lado da NBA Store do Rio de Janeiro, são as três unidades físicas da liga na América Latina. Os espaços são customizados para oferecer uma experiência única aos fãs do basquete, cercados por alta tecnologia, e com áreas de entretenimento e interação, como telas, videogame e até uma tabela oficial. Ao todo, são mais de 700 produtos licenciados oficiais, além da coleção da Nike, que passou a ser a parceira de material esportivo da liga nesta temporada. A NBA oferece seus produtos também por meio da LojaNBA.com (e-commerce em parceria com a Netshoes).

TARDE DAS FIGURINHAS 

Data: sábado / dia 20 de janeiro 
Horário: Das 15h30min às 19h
Locais NBA Store Rio (BarraShopping) Avenida das Américas, 466 / Piso Lagoa – Barra da Tijuca
NBA Store Campinas (Shopping Dom Pedro) Av. Guilherme Campos, 500 / Piso Térreo – Jardim Santa Genebra
NBA Store Mogi (Mogi Shopping) Av. Vereador Narciso Yague Guimarães, 1.001 / Piso Térreo – Centro Cívico

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Saudosismos x Imediatismo em discussões de NBA LeBron ou Jordan? Marcação forte ou Run and Gun?

NBA na ESPN
Marcus Martins, blogueiro do ESPN.com.br
LeBron desabafa contra a arbitragem da NBA: 'Eu sei como apitam as minhas jogadas'

Tenho 30 e poucos anos, não me considero velho de espírito (costumam dizer bem o contrário inclusive), e convivo muito bem com gente mais nova. Entretanto, essa semana fui chamado de saudosista quando se fala em NBA e achei que isso merecia uma reflexão.

Steve Kerr deu uma declaração ironizando críticos dos Warriors, dizendo que “é engraçado como a evolução humana nos esportes é reversa” e que “os caras dos anos 50 destruiriam todo mundo. É óbvio que a evolução dos jogadores, estratégias e técnicas de treino nos aperfeiçoa a cada geração. Mas Magic Johnson, Oscar Robertson, Rasheed Wallace, Dr. J e Phil Jackson foram só alguns dos que discordaram, alegando que seus times bateriam os Warriors.

Se eu acho que o Showtime Lakers ou os Bulls de Jordan bateriam os Warriors de hoje? Talvez sim, talvez não. Isso pouco importa. Não se trata de invalidar evolução ou história. Trata-se do fato de que a evolução se dá em ciclos, com fatores que permanecem e alguns descartáveis ao longo do tempo. Nem tudo, simplesmente evolui e melhora.

O escanteio curto no futebol é um sinal de evolução? Tenho minhas dúvidas.

Ficaria o dia todo citando uma série de fatores contemporâneos e passados que fazem ou fizeram parte de um determinado ciclo, mas que não significam evolução em relação ao período anterior. Enfim, Fui chamado de saudosista por achar ridículo Demarcus Cousins flopar. Um pivô, de 2,11m e 122kg, dos caras mais brutos da NBA, cavando falta em um corta-luz banal. Ora, acharia ridículo isso em qualquer era, mas com certeza, tendo visto caras como Shaq, David Robinson e Olajwon fica mais difícil de tolerar.

E estou errado? É saudosismo isso?

LeBron James em ação pelo Cleveland Cavaliers, na NBA
LeBron James em ação pelo Cleveland Cavaliers, na NBA Photo by Bilgin S. Sasmaz/Anadolu Agency

Que fã de NBA quer ver alguém arremessar 15 lances livres em uma noite? Cavando faltas ridículas, esticando a perna para obter contato... Uma enquete rápida, com certeza daria margem de 90% para um jogo mais ágil, sem tantas pausas bestas. E isso é só um aspecto negativo do jogo atual.  O que dizer sobre as defesas?

Com exceção de algumas honrosas defesas, como a do Celtics, o rating defensivo está bem alto: média de 108.1. Boston tem 99.7.  Esse papo de números é bem nerd, mas serve só para mostrar que mesmo desafiantes ao título como os Cavs, defendem muito mal – penúltimo em rating defensivo – número 29 de 30 times da liga. Defender envolve não só dar tocos ou roubar bolas, quer dizer colocar seu oponente em más situações, prejudicando sua pontuação. Por isso, calma nos chase-down blocks, defender é mais que isso.

Torceram o nariz quando eu disse que os Cavs deviam incorporar os Pistons de 2004 – que bateram os Lakers em 5 jogos - contra os Warriors nas últimas finais. Para quem não lembra, os titulares de Detroit incluíam Billups, Rip Hamilton, Rasheed Wallace, Tayshaun Prince e Ben Wallace – um quinteto bem modesto. Do outro lado? Shaq, Kobe, Karl Malone, Gary Payton... só pra citar os membros do Hall da fama. Para termos uma ideia, o jogo 3 acabou 88-68.

A minha teoria era de que, uma vez consciente de sua inferioridade técnica, defender com ferocidade seria a única oportunidade de bater Golden State. Cleveland optou por aceitar o pace insano ditado pelos guerreiros dourados e bem, já sabemos o resultado. A real é que eu só estava citando um exemplo, os Pacers de 2013-14 e os Bulls de 2010-11 fizeram trabalhos defensivos excelentes durante a temporada regular também. Muito old school pra você?

Saudosismo, segundo o dicionário é a admiração excessiva por aspectos do passado, desde comportamentos, hábitos, princípios e outros ideais obsoletos e ultrapassados. Obsoletos e Ultrapassados.

Preto e branco: veja o tênis especial de LeBron James pela igualdade racial

Seria defesa um conceito defasado ou ultrapassado? Tenho minhas dúvidas.

Já disse isso em outro texto para esse blog: Não há novidade nenhuma na luta entre gerações. Seja de jogadores, seja de torcedores. A novidade é outra, como bem definiu meu amigo @daniel_sanchez: "A nova geração quer seu espaço e me refiro a jogadores e fãs. A diferença que vejo entre as gerações anteriores é que a atual, quer na marra. Isso nos mais diversos assuntos. Há o imediatismo, não há distanciamento histórico pra se avaliar melhor. O jogador da NBA, do futebol , rapper etc tem que ser o melhor de todos os tempos pra ontem, com os caras em atividade ainda. Aí fica difícil."

Enfim, adaptando Charles Darwin à NBA, diria que as espécies/jogadores estão ligados por laços evolutivos. A seleção natural modifica características individuais, gerando novas espécies, novos estilos de jogadores. O mais forte às vezes estabelece seu domínio por um tempo, mas a inteligência para se adaptar garante a sobrevivência. Em sua primeira temporada, LeBron acertava só 29% de seus arremessos de 3 pontos(2.7 tentativas por jogo), enquanto nessa temporada houve momentos de 40% de aproveitamento (com quase 5 tentativas por jogo).

Mas nem todo mundo é LeBron, KD ou Curry, eles realmente são fora da curva e – até porque ainda estão na ativa – não temos noção exata de quão especiais eles sejam. Eles ditam tendências, reinam do Olimpo da NBA. Mas e os outros meros mortais? Pois é... ver o Brooklyn Nets tentar 34.1 arremessos de 3 pontos por jogo (2° em tentativas) e acertar somente 34% (3° pior aproveitamento da liga) é mais que um sofrimento para que assiste. É o exemplo perfeito de que os conceitos estratégicos e evolutivos não são fechados, caixas em que todo mundo cabe...

Há tempo e espaço para muitos conceitos, principalmente em uma quadra de basquete - inclusive todos ao mesmo tempo: Em um mesmo jogo, em uma mesma jogada. Então eu sugiro às novas gerações – famosa molecada que tá começando agora – estudem, investiguem, leiam e assistam. Não se apropriem indevidamente de coisas que estão por aí muito antes de vocês descobrirem o esporte, não menosprezem os fundamentos do esporte. É possível pirar com Lauri Markannen chegando a 100 bolas de 3 convertidas em apenas 41 jogos e ainda assim reconhecer que um dos trunfos dos Warriors está na defesa consistente... ou que os Nets deveriam amassar menos o aro chutando de 3. 

Live and let play.

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Saudosismos x Imediatismo em discussões de NBA LeBron ou Jordan? Marcação forte ou Run and Gun?

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A 5s do fim e perdendo, Celtics roubam bola a vencem Pacers com enterrada no contra-ataque

Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Cravada absurda de Nance na cara de Durant e virada dos Celtics no último segundo são destaques no Top 10 da NBA

Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

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Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Ídolos, fãs e a vontade de conquistar um sonho: veja o emocionante discurso de Kobe Bryant

Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Carmelo se defende de críticas e relembra tempo de Knicks: 'Tinha esperança de título em Nova York'

Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Oladipo brilha em triunfo dos Pacers; Raptors e Pistons também vencem na NBA

Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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Villanova campeã da NCAA
Villanova campeã da NCAA Getty

O sucesso. Quase sempre difícil de ser alcançado. Um retrospecto favorável contínuo ainda mais complicado. O time de basquete de Villanova Wildcats parece ter adquirido, nos últimos anos, todo o DNA de sucesso. Nas últimas três temporadas, dois títulos. Nas últimas quatro temporadas, o maior número de vitórias de uma equipe universitária masculina na história. Jay Wright é nome recorrente na lista dos melhores técnicos do basquete universitário. Qual foi a receita para Villanova mudar o rótulo de universidade inofensiva para a equipe mais organizada e temida do país?

Final da temporada 2011-12. Wright, sentado à beira da quadra do ginásio The Pavillion, pensava. Por que Villanova, mesmo tendo recrutado diversos jogadores cinco estrelas e tendo chegado ao Final Four em 2009, não deslanchava. A temporada havia sido um desastre. 13 vitórias em 32 jogos, primeira vez desde 2004 que os Wildcats não iam ao March Madness. Mudanças na comissão técnica eram prováveis.

“Preciso de um jogador, de um perfil certo para alavancar este programa”. Jay Wright sabia o que queria, nas palavras de Billy Lange, associate head coach, que havia deixado a equipe após a temporada de 2004 e retornaria para a temporada 2012-13.

Seis meses depois, dois jogadores recrutados. Ryan Arcidiacono e Daniel Ochefu. Oito meses depois, Josh Hart e Kris Jenkins. O tempo, posteriormente, mostraria que esse quarteto seria essencial para a mudança de paradigma na história de Villanova. Os nomes deles seriam eternizados na universidade.

Arcidiacono nasceu na Philadelphia. Seus pais acompanhavam os jogos do time e levavam o menino desde os quatro anos ao ginásio. O sangue wildcat parecia fadado a trazer glórias para Villanova. Numa decisão surpreendente, Jay Wright anunciou o armador Arcidiacono, calouro, como capitão. Espanto dos mais experientes.

Meses depois, Villanova enfrentou Purdue no Madison Square Garden. O templo do basquete reservava um jogo feio e truncado. O pivô de Purdue era quase imarcável no garrafão. Arremesso de três pontos. Bola no aro. Arcidiacono toma a frente do pivô, faz o boxout e espera o empurrão. O árbitro marca falta de ataque. A vibração do armador dos Wildcats contagia o time, o banco e a torcida. Villanova venceu o jogo e o espírito de um capitão que queria mudar a história da universidade parece ter energizado para sempre aquele time.

No fim da temporada, saldo positivo. Eliminação na primeira rodada do March Madness para North Carolina, mas a certeza que o percurso seria positivo a partir dali. Nos dois anos seguintes, ótimas campanhas durante as temporadas regulares, terminando como escolha número 1 e 2 nos Torneios da NCAA de 2014 e 2015. Derrotas inesperadas para Connecticut e North Carolina State marcaram Villanova como a equipe que não tinha poder em março.

Os melhores jogadores da equipe, JayVaughn Pinkston e Darrun Hilliard, eram seniors e se despediram depois da temporada de 2015. Novamente a desconfiança tomaria conta de Villanova. Como iriam reverter o processo, sendo que as principais referências estariam longe?

Tradicional em todos os verões, Villanova organiza o Summer Jam em que jogadores atuais do time enfrentam ex-jogadores. Todos os relatos revelam que isso cria um fortalecimento da história, da força da universidade. Imagens de Nova Nation e Family nas paredes dos vestiários e dos prédios da equipe salientam ainda mais a união.

Wright, geralmente, não usa todas as suas bolsas de estudo que têm à disposição. Com isso, deixa jogadores como redshirt (sem jogar), principalmente no primeiro ano. Assim, eles aprendem a cultura, as táticas e o que é ser um wildcat. Isso aconteceu com o atual herói do título de Villanova nesta temporada, Donte DiVincenzo. Com Mikal Bridges, provável escolha do Draft da NBA em 2018, também. Omari Spellman, principal referência do garrafão de Nova, seguiu o mesmo caminho. O roteiro parece ter sido acertado e os frutos colhidos.

A mudança começou, literalmente, a 4s7 do fim. Dia 4 de abril de 2016. O NRG Stadium, em Houston, completamente lotado. Marcus Paige havia acertado uma bola de três pontos, em dois tempos, de maneira magnífica. North Carolina empatou o jogo. A torcida de Villanova não acreditava. Será que o destino de ser uma equipe que, em março, não mostrava poder, seguiria causando pesadelos?

Saída de bola. Kris Jenkins faz o passe para ele, Arcidiacono, o menino que tinha o sangue azul e branco, o DNA daquele que sofria por Villanova. O armador passa para a quadra de ataque. Para. Passa. Jenkins recebe. Josh Hart e Daniel Ochefu olhavam. Os quatro que, três temporadas antes, estavam sendo recrutados e no caminho de mudar a história de Villanova. O ginásio se cala. Aflição. Tensão. Jenkins pula. Arremessa. Vai para a história de Villanova. O sofrimento e a luta acabam. Os Wildcats são campeões nacionais.

De Hofstra a Villanova, de irrelevante a campeão nacional, Wright colocava seu nome entre os maiores, entre aqueles que venceram um título nacional. A safra de Arcidiacono, Ochefu, Jenkins e Hart se consolidava. Jalen Brunson, menino ainda, calouro, desfrutava no primeiro ano daquilo que todos sonharam. Mal sabia Brunson que o destino seria tão bom quanto para ele.

Na temporada seguinte, Arcidiacono e Ochefu deixaram a equipe e seguiram carreira profissional. Hart e Jenkins continuaram. Villanova dominou a conferência Big East. Chegou ao March Madness como favorita. O garrafão era mais fraco, sem a presença no nigeriano Ochefu. Derrota sofrida para Wisconsin. Eliminação. Fim da Era de Ouro de Hart e Jenkins também. Brunson seria o remanescente. Bridges e Booth também.

A temporada 2017-18 chegara. Wright, decidido a vencer mais um título, deu carta branca aos jogadores para arremessar de longa distância. O modelo consolidado na NBA, principalmente com Golden State Warriors e Houston Rockets, também chegaria ao college. Brunson na armação, Booth ao lado dele, Bridges na ala, Eric Paschall, jogador que se transferiu de Fordham, fraca equipe da conferência Atlantic 10, e Omari Spellman, pivô cinco estrelas vindo do High School, que havia sido redshirt na temporada anterior. Quinteto forte, mas faltava algo a mais. Algo que pudesse credenciar Villanova ao título. Donte DiVincenzo. O jovem de Delaware, de origem italiana, comparado a Michael Jordan no High School, muito por conta do domínio dele em quadra e pela falta de qualidade no Estado, que não é conhecido por revelar tantos jogadores de basquete. A equipe estava completa. Wright com sede de fazer história. De novo.

O caminho foi tranquilo. Somente quatro derrotas na temporada regular. Título do Torneio da Big East e a escolha número 1 no March Madness. Radford, Alabama, West Virginia e Texas Tech, destruídas por uma Villanova implacável. Todos os jogos com, no mínimo, dez pontos de diferença. O destino era San Antonio, Alamo Dome. 68 mil pessoas. Kansas do outro lado. O último título dos Jayhawks, em 2008, havia sido ali naquele estádio, com Mario Chalmers ofuscando Derrick Rose. Doutrinação. Villanova venceu sem dificuldades, batendo o recorde de bolas de 3 pontos em uma temporada universitária (464 – o recorde anterior era de Virginia Military com 442 em 2006-07). Na final, Michigan era o adversário. Os Wolverines eliminaram a Cinderella Loyola-Chicago na fase anterior.

Parecia que o destino seria diferente. Michigan começara bem. A bola de 3 de Villanova não caía como no jogo anterior. Até que um homem se levantou. Ouviu instruções de Wright. Sentou à frente dos marcadores de tempo e cronômetro. Esperou. O momento seria seu. DiVincenzo em quadra. Tudo parecia fluir para ele. 18 pontos na primeira etapa. Maior pontuação de um jogador em um intervalo de final desde Tyus Jones, em 2015, com 19. O desempenho empolgou a equipe. O líder Brunson e o espírito na camisa arraigado pelo sangue de Arcidiacono. Mikal Bridges, a força e técnica como Hart. Eric Paschall, a saída de escape, assim como Jenkins foi. Omari Spellman, a raça e a luta no garrafão, como Ochefu sempre teve.

Mais um título, mais uma vibração. Nomes diferentes, jogadores diferentes. O mesmo espírito.

Wright, nos próximos dias, deve sentar à beira da quadra do The Pavillion. Observar as cadeiras vazias. Rir para si mesmo.

Depois de tanto sofrimento e decepções, Villanova é a maior equipe do basquete universitário dos EUA.

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