Dinheiro público bancou negócios de 'cartolas cambistas'

Lúcio de Castro, do Rio de Janeiro (RJ), especial para o ESPN.com.br
Getty
Ingressos para jogos da Copa do Mundo-2014
'Máfia dos ingressos' foi ajudada com isenções fiscais e dinheiro público brasileiro

O coração da rede criminosa desbaratada na "Operação Jules Rimet" foi alimentado com isenções fiscais e dinheiro público brasileiro.

Ray Whelan, diretor-executivo da Match Hospitality, preso na tarde de segunda-feira e solto após pagamento de fiança na madrugada desta terça-feira, abocanhou contrato com a prefeitura de Belo Horizonte no valor de R$ 965 mil em 2011. Entre outros tantos benefícios, a empresa gozou também de cessão de espaço público em São Paulo para pontos de entrega de ingressos.

E o maior dos presentes a Match recebeu em 2012: total "isenção e suspensão do ICMS nas operações e prestações relacionadas com a Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014" por parte do governo federal, através do Ministério da Fazenda, em 21 de setembro de 2012.

E da Receita Federal, a Match recebeu "gozo dos benefícios fiscais". Whelan foi o 12º preso na ação, chefiada pelo delegado Fábio Barucke, da 18ª DP, em conjunto com o promotor Marcos Kac. Os envolvidos responderão por cambismo, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Foram várias modalidades de benefícios do estado a beneficiar a Match. Em 7 de abril de 2014, o Centro Cultural de São Paulo, da secretaria municipal paulistana, cedeu para a empresa gratuitamente espaço para coleta de ingressos.

Antes disso, Ray Whelan já colhia benefícios no Brasil, enquanto a rede que começa a ser desmontada se formava. Em 7 de dezembro de 2011, foi o representante da Global Sports Internacional, através da Seamos Marketing Ltda, na "conjugação de esforços para a realização do evento esportivo Future Champions Project in Brazil", que recebeu o quase R$ 1 milhão acima citado da prefeitura mineira.

A reportagem enviou pedido de resposta para o Ministério da Fazenda e para a Receita Federal. Até a publicação desta matéria, não obteve resposta do Ministério da Fazenda. Em resposta, a Receita Federal apenas confirmou que a Match Hospitality Serviços e a Match Serviços de Eventos foram beneficiadas por isenções fiscais.

A Seamos Marketing Ltda é acionista da Match Hospitality Serviços, registrada no Brasil pouco antes, em 19 de agosto de 2011, tem entre os seus acionistas a mexicana Ivy Isabel Byrom Aparício, acionista também do braço brasileiro da Match.

Ivy Isabel Byrom Aparício é da família de Jaime e Enrique Byrom, os acionistas da Match, vencedora das concorrências para os pacotes de hospitalidade e ingressos da Fida, com contratos assinados até a copa de 2022, no Catar.

A Match tem também entre seus acionistas Phillipe Blatter, sobrinho de Joseph Blatter, presidente da Fifa. Os negócios da empresa, só nesta edição de Copa, passam dos US$ 300 milhões, com mais de 290 mil pacotes de hospitalidade vendidos para 11.400 firmas.

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