Não é só dinheiro: como Newcastle voltou à Champions League após 20 anos
Quando o Newcastle foi vendido a um fundo de investimento da Arábia Saudita em outubro de 2021, a expectativa era de que o clube pudesse brigar pelas primeiras posições da Premier League e contratar grandes estrelas do futebol em pouco tempo.
O sucesso esportivo veio, talvez até mais rápido do que o imaginado, e sem investir em nomes badalados.
Em sua primeira temporada completa desde a mudança de comando, o clube do nordeste da Inglaterra confirmou a classificação à Uefa Champions League, competição que não disputa desde 2002-03. A vaga foi assegurada matematicamente nesta segunda-feira com o empate sem gols com o Leicester City, pela penúltima rodada.
Será a quarta vez na história que o Newcastle estará na Champions, a terceira em que alcança a fase de grupos. A melhor campanha se deu justamente na última vez que participou, caindo na extinta segunda fase de grupos, etapa que equivale às oitavas de final no formato atual.
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Considerando qualquer competição continental, será a primeira aparição dos Magpies desde a Europa League 2012-13, quando foram eliminados pelo Benfica nas quartas de final. Desde então, nunca foram além de um décimo lugar (2013-14 e 2017-18), chegando a serem rebaixados em 2015-16 e retornando imediatamente à Premier League na temporada seguinte.
Coadjuvante na última década, o novo bilionário do futebol parecia fadado ao rebaixamento no começo da temporada passada: era lanterna no começo de dezembro com sete derrotas e sete empates nos 14 primeiros jogos. Porém, a chegada de Eddie Howe ao banco de reservas mudou a situação por completo. E rapidamente.
No intervalo entre a chegada do treinador e o fim do campeonato, o time registrou a sexta melhor campanha, fazendo com que fosse de um provável rebaixado a um 11º lugar, sete pontos atrás da zona de classificação a competições europeias.
É bem verdade que a janela de janeiro de 2022, a primeira desde que passou a contar com o dinheiro do novo proprietário, teve grande impacto, com o Newcastle gastando na casa dos 100 milhões de euros com Bruno Guimarães, Chris Wood, Dan Burn e Kieran Trippier. Porém, não veio um 'pacotão' de reforços ou nomes já consagrados no futebol europeu. Já nesta temporada, os gastos foram ainda mais altos, com quase 200 milhões de euros investidos em Alexander Isak, Anthony Gordon, Sven Botman, Matt Target, e Nick Pope.
Dos contratados, Pope, Botman, Trippier, Burn e Isak viraram titulares, mas a evolução foi bem além de quem veio nas janelas de transferências. Joelinton foi de um atacante criticado a um ótimo meio-campista, com e sem a bola; Miguel Almirón enfim deslanchou no clube que defende há quatros e meio, anotando 11 gols nesta Premier League (tinha nove gols nas três edições e meia que disputou anteriormente); Callum Wilson superou as lesões da temporada passada e é hoje o quinto principal artilheiro da liga com 18 gols; e Fabian Schär foi um dos melhores zagueiros desta edição da liga.
A continuidade da equipe titular em um clube que não teve de mesclar as competições nacionais com internacionais é também uma combinação a se destacar. Até o início desta rodada, Howe tinha mudado apenas 48 vezes entre suas escalações nesta Premier League, a segunda menor quantidade, atrás apenas das 36 do Arsenal.
O Newcastle investiu bastante, mas também viu o crescimento de muita gente que já estava no St. James Park. Coletivamente, mostrou enorme solidez defensiva, tendo sofrido 32 gols, mais apenas que os 31 do campeão Manchester City. O terceiro colocado no quesito é o Manchester United, com 41. O recorde dos Magpies na competição são os 37 gols sofridos em 1995-96.
Desde que retornou à Premier League em 2017, o Newcastle nunca teve uma média melhor do que 1,24 gol sofrido/jogo. Na atual edição, o número é de 0,86. A campanha passada, a média foi de 1,63, quase o dobro da atual.
Também houve crescimento considrável no ataque, indo de 1,21 gol/jogo em 2020-21 (melhor desempenho nas cinco temporadas anteriores) para o atual 1,81. Ao todo, a equipe soma 67 gols marcados, tendo o quinto melhor ataque da competição e alcançando sua melhor marca desde os 74 gols anotados em 2001-02. Vale destacar a contribuição da bola aérea para esse número, uma vez que o Newcastle é o líder em cruzamentos certos (209), em finalizações de cabeça (123) e o quinto melhor em gols de cabeça (11). Estes registros têm enorme influência de Kieran Trippier, que criou 109 chances no campeonato, atrás somente de Bruno Fernandes (112).
Com um treinador que já levou o Bournemouth da quarta à primeira divisão, o Newcastle investiu bastante, mas o fez de forma certeira (ou quase sempre certeira), potencializou atletas que já estavam no elenco e construiu um time sólido e regular (perdeu apenas um jogo para equipes fora do Big 6) para fazer sua melhor campanha em 20 anos, mesmo período em que foi rebaixado duas vezes.
Os novos tempos só estão começando para os Magpies.
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