Na decisão, o veterano recordista e o goleiro de seleção que mal jogou em clubes
O goleiro camaronês Joseph Fabrice Ondoa tinha três meses de vida quando Essam El-Hadary defendeu o Egito pela primeira vez. Neste domingo, eles serão adversários na final da Copa Africana de Nações, no Gabão. Ondoa, 21 anos, é titular de seu país mesmo com experiência quase nula por clubes. El-Hadary, 44, pode conquistar seu quinto título com a seleção e coroar uma campanha marcada por recordes.
A vida de Ondoa começou a mudar aos 13 anos. Um dos beneficiados pela fundação criada em Camarões por Samuel Eto'o, ele se mudou para a Espanha para integrar as categorias de base do Barcelona. Ganhou espaço e fez parte do time sub-19 que conquistou a UEFA Youth League na temporada 2013/14, como um dos destaques do torneio. Aos 17, já estava integrado ao elenco do Barcelona B, que na época jogava a segunda divisão. No entanto, as oportunidades de jogar não apareceram.
Em janeiro de 2016, Ondoa rescindiu contrato e acertou com o Gimnàstic de Tarragona, que o inscreveu no seu segundo time, o Pobla de Mafumet, que disputa a terceira divisão (Segunda B). Lá, jogou suas únicas cinco partidas de clube até hoje. Para a atual temporada, foi novamente emprestado, desta vez ao Sevilla Atlético, time B do Sevilla. Por lá, é reserva.
Se em clubes mal vê o campo, na seleção Ondoa tem boa experiência. Estreou em 2014, aos 18 anos, e já está em sua segunda CAN. Sua frieza debaixo das traves tem rendido elogios e comparações a outros nomes históricos dos Leões Indomáveis, como Thomas N'Kono, Joseph-Antoine Bell e Jacques Songo'o.
Na última rodada da fase de grupos, Ondoa fez uma defesa crucial nos acréscimos para impedir o gol de Didier Ndong que classificaria o Gabão e eliminaria os camaroneses. Nas quartas-de-final, defendeu a cobrança de Sadio Mané e foi decisivo para a eliminação de Senegal nos pênaltis. Com a vitória por 2 a 0 sobre Gana, Camarões garantiu seu lugar na decisão.
O destino deu um pequeno empurrão a El-Hadary em sua sétima participação na CAN. Campeão em 1998, 2006, 2008 e 2010, começou o torneio no banco de reservas, mas teve de entrar logo na estreia contra Mali, quando o titular Ahmed El-Shenawy se lesionou. Dois dias após completar 44 anos, El-Hadary tornou-se o jogador mais velho da história do torneio, superando o compatriota Hossam Hassan, que tinha 39 anos, cinco meses e 24 dias quando disputou sua última partida pela CAN, em 2006.
Mantido como titular nas partidas seguintes, El-Hadary só sofreu um gol no torneio, na semifinal contra Burkina Faso. O tento de Bancé foi o primeiro sofrido pelo goleiro egípcio na competição depois de 653 minutos, outro recorde. A sequência começou em 2010, quando o Egito ganhou seu sétimo título, o terceiro consecutivo. Depois disso, foram três edições sem se classificar.
Com o empate por 1 a 1 na semifinal, a decisão foi para os pênaltis. O Egito saiu em desvantagem, mas El-Hadary defendeu duas cobranças - do goleiro Hervé Koffi e de Bertrand Traoré - para garantir a vaga em mais uma decisão.
O técnico da seleção egípcia é o argentino Héctor Cúper. Conhecido no Brasil por suas desavenças com Ronaldo nos tempos de Internazionale, Cúper levou o Valencia a finais de Champions League em 2000 e 2001. Agora, espera acabar com a fama de ficar no "quase" e levantar o troféu.
Do outro lado está o belga Hugo Broos, que como jogador integrou a forte seleção semifinalista da Copa do Mundo de 1986. Broos foi um dos muitos técnicos que responderam a um processo seletivo anunciado via internet pela federação camaronesa em dezembro de 2015, para substituir o alemão Volker Finke.
A campanha na CAN é considerada surpreendente, após a recusa de sete dos jogadores convocados por Broos. Entre eles, o zagueiro Joel Matip, do Liverpool, e o lateral Allan Nyom, do West Bromwich. Restou um grupo sem grandes estrelas, representado por um nome em ascensão como Ondoa. Bastará para frear o Egito de El-Hadary, invicto há 24 jogos no torneio?
Saberemos no domingo.
Fonte: Leonardo Bertozzi
Na decisão, o veterano recordista e o goleiro de seleção que mal jogou em clubes
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