Ironia do fracasso: como a queda na Champions deixa Conte mais seguro na Inter
Pode um fracasso esportivo deixar ainda mais segura a posição de um técnico? Se estamos falando de Antonio Conte na Internazionale, sim. Não há como fugir do fato de que a eliminação na fase de grupos da Champions League com o último lugar no grupo, atrás de equipes de faturamento inferior como Borussia Mönchengladbach e Shakhtar Donetsk, é um fiasco. Ao mesmo tempo, hoje a Inter não tem como se permitir uma troca de técnico por questões econômicas.
Conte chegou à Inter para ganhar o maior salário da Serie A, e seria difícil argumentar contra a escolha. Em sua carreira como técnico, construiu o início da hegemonia da Juventus na Serie A, levou uma seleção italiana de elenco limitado a uma boa campanha na Euro 2016, vencendo times mais fortes como Bélgica e Espanha, e chegou à Premier League para dar o título ao Chelsea logo em sua primeira temporada.
São feitos que permitiam relevar características como a tendência a deteriorar relacionamentos e dar entrevistas explosivas. No entanto, em sua passagem pela Inter são estes os fatores a prevalecer. A reta final da Liga Europa na última temporada foi marcada por declarações de insatisfação, que levaram a suspeitas sobre uma possível saída. O presidente Steven Zhang interveio e as partes se acertaram. Talvez a contragosto?
Com um salário líquido de quase 12 milhões de euros por temporada (com o clube, responsável pelos impostos, gastando o dobro bruto), Conte está vinculado à Inter até junho de 2022. Hoje, a Inter ainda arca com o contrato de Luciano Spalletti, demitido em 2019, que recebe 9 milhões anuais.
Levantamento do site Eurosport estipula que a Inter, se decidisse trocar Conte agora, gastaria mais de 40 milhões até o meio de 2022 - além do salário do nome escolhido para substitui-lo.
A Juventus, ao optar por Andrea Pirlo, não fez apenas uma aposta esportiva, mas uma escolha segura no aspecto financeiro - já que segue pagando o contrato de Maurizio Sarri e não poderia se permitir um grande nome.
A pandemia impactou severamente nos balanços dos clubes, e cair cedo na Champions League significa perder a possibilidade de arrecadar mais dinheiro e mitigar este peso.
A Inter, portanto, terá de se recuperar com Antonio Conte. Suas entrevistas depois do empate sem gols com o Shakhtar tiveram momentos surreais, como reclamações sobre arbitragem e um bate-boca ao vivo na televisão com Fabio Capello, que questionou a falta de um plano B dentro do jogo.
Meses atrás, a Inter atropelou o Shakhtar na Liga Europa com uma goleada de 5 a 0. Obviamente, a equipe ucraniana foi para os confrontos da Champions com uma estratégia diferente, mais cautelosa, e saiu sem levar gols em 180 minutos. No primeiro jogo é possível dizer que os nerazzurri tiveram bom volume de jogo e esbarraram numa boa atuação do goleiro adversário. Em Milão, no entanto, foi um time ansioso, com poucas ideias, e Conte demorou a fazer mudanças.
O discurso, agora, é de foco total na disputa pela Serie A, que o clube não conquista desde o triplete com José Mourinho, em 2009/10. Qualquer resultado diferente do scudetto deixará um sabor amargo - e pode ser ainda mais se o Milan, com um projeto esportivo voltado a reconstruir para ganhar no futuro, queimar etapas e já levantar o troféu.
Ironia do fracasso: como a queda na Champions deixa Conte mais seguro na Inter
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.