Entenda o 'sistema suíço' que deve revolucionar o formato da Champions
A história é antiga. Os clubes mais fortes da Europa se convencem de que precisam se enfrentar mais vezes para gerar ainda mais dinheiro. Se antes da pandemia a busca por formatos ainda mais lucrativos que o da atual Champions League já gerava amplos debates, os impactos dos estádios vazios tornaram a busca por novas receitas uma necessidade.
A discussão sobre a formação de uma "superliga" independente vem desde o século passado. Normalmente, ela é usada como barganha para alcançar as reformas na Champions. Foi assim que a competição passou pela reforma que a transformou num colosso a partir da metade dos anos 90, deixando de contar apenas com campeões nacionais e assim transformando os gigantes do continente em participantes perenes.
O fato de a superliga nunca ter passado de ameaça não significa que as entidades que regulam o futebol não a considerem um risco a evitar. Vendo clubes como Barcelona e Real Madrid se engajando ativamente no planejamento, Fifa e Uefa contragolpearam e lembraram que qualquer competição organizada sem suas chancelas seria considerada "pirata", com consequências como a exclusão dos atletas envolvidos da Copa do Mundo.
Em 2019, uma proposta de mudança radical na Champions revoltou as ligas nacionais: um número pequeno de participantes seria determinado pelo resultado dos campeonatos, com um sistema de acesso e descenso entre as competições europeias prevalecendo. Além disso, havia a ideia de realizar jogos (além da final) aos fins de semana, atacando diretamente o espaço que hoje é das ligas.
A reação foi tão forte que fez com que as conversas voltassem à estaca zero.
Uma proposta que ganhou corpo e parece caminhar para um consenso envolve a adaptação de formato conhecido em competições de xadrez e e-sports: o "sistema suíço". É uma maneira de realizar torneios com grande número de participantes sem eliminar boa parte deles logo de cara. Não há divisão de grupos e nem todos se enfrentam, mas todos fazem o mesmo número de partidas, com os confrontos se definindo pela campanha dos participantes até o momento. Exemplo: vencedores da primeira rodada se enfrentam na segunda, assim como os perdedores.
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Como seria na Champions? A ideia da Uefa é ter um grupo de 36 equipes, com dez rodadas - quatro a mais que a atual fase de grupos, portanto. A tabela não se definiria após cada rodada, mas seria previamente desenhada com base no ranqueamento - o coeficiente que hoje é usado para a formação dos potes no sorteio, que considera os resultados nas competições europeias ao longo de um período de cinco anos.
Estabelecida a divisão de forças, a tabela garantiria a times do mesmo nível caminhos de dificuldades semelhantes.
E como se definiria a classificação? Sem divisão de grupos, seria uma grande tabela do 1º ao 36º colocado, com os oito melhores avançando diretamente às oitavas-de-final. Os times que terminam entre 9º e 24º lugar jogam uma fase eliminatória intermediária, definindo os outros oito classificados.
O modelo foi apresentado formalmente à associação das ligas europeias nesta sexta-feira, e a resposta pode se considerar positiva. Em nota, a European Leagues diz que o sistema suíço é uma "melhora" em relação às propostas mais radicais de antes, apesar de apontar preocupação com o aumento no número de datas e com o impacto causado no desequilíbrio esportivo dos campeonatos nacionais.
Como o ano continuará tendo doze meses, as novas datas não vão surgir do nada, e será necessário discutir ideias como mudanças de formato nas copas nacionais para reduzir o impacto no calendário. Mas as ligas compreendem, neste momento, que é melhor ceder um pouco a partir para uma ruptura.
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