Guto Ferreira está de volta ao Bahia, mas terá que exorcizar alguns fantasmas
O ex-presidente do Bahia, Marcelo Sant’Ana, certa vez me confidenciou que apenas dois treinadores deixaram um legado positivo na sua gestão: Sérgio Soares e Guto Ferreira. O primeiro, por ter trazido de volta ao tricolor um futebol ofensivo e destemido, enterrando o pensamento covarde que tomava conta de seus antecessores. O segundo, por ter cultivado um padrão tático que, mesmo contestado em diversas oportunidades, serviu de sustentação para que o time conquistasse resultados importantes nas duas últimas temporadas.
É bem verdade que o novo presidente, Guilherme Bellintani, hesitou em aceitar o nome de Guto Ferreira como o seu primeiro técnico à frente do Bahia. Desenhou em sua cabeça o perfil de um treinador vencedor, mas caiu na real quando olhou para o mercado do futebol brasileiro. Guto, dentro das possibilidades do tricolor, é o nome que se vê disponível sem inúmeras ressalvas.
Na sua primeira passagem pelo Fazendão, Guto Ferreira mostrou defeitos. Aliás, teimosias. Não dá para negar que o Bahia poderia ter sido mais destemido, como pregava Sérgio Soares, sobretudo na Série B do ano passado. O time, longe de Salvador, era um esboço inacabado da equipe que jogava na Arena Fonte Nova. Com raros momentos, pareciam dois esquadrões distintos. Todos esses “poréns” são levados em consideração, mas não são maiores que as virtudes deixadas antes da saída de Gordiola para o Internacional.
Volto a falar do padrão tático. Por ter ficado um ano no Fazendão, Guto Ferreira teve tempo para amadurecer o time taticamente. Uma vantagem que faz dele o treinador mais bem-sucedido dos últimos anos no Bahia. O jeito de jogar do time foi moldado ao longo dos meses e facilitou o encaixe da equipe, gerando resultados. O padrão tático possibilitou ao treinador buscar também aprimorar detalhes do jogo, como bolas paradas defensiva e ofensiva, transições por dentro (o Bahia procurava sempre as transições ofensivas com laterais e pontas), além de determinadas variações táticas. O tempo ajudou Guto Ferreira. O legado é inegável, mas inacabado.
Guto volta ao Bahia com a missão de seguir o que não conseguiu terminar. Terá a desvantagem de recomeçar um trabalho com passos atrás, já que boa parte dos jogadores que ele ajudou a amadurecer deixaram o clube, mas já sabe o caminho das pedras. Sabe também que não pode mais repetir os mesmos erros do passado. O Bahia, pela boa campanha na Série A de 2017, subiu o seu sarrafo de exigências. O padrão tático terá que se aliar a atitudes mais ousadas em momentos cruciais da temporada. Só assim o velho-novo treinador tricolor se desprenderá da desconfiança da torcida.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
Guto Ferreira está de volta ao Bahia, mas terá que exorcizar alguns fantasmas
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