Dentro e fora de campo, o descompasso do Vitória na temporada
“O Vitória foi um time que lutou, que brigou, que correu atrás”. As palavras do técnico Vagner Mancini, após a derrota para o Internacional, no Barradão, resumem o rubro-negro na atual temporada: um time que coloca a disciplina acima da técnica, resultado das limitações do elenco montado para as competições em 2018.
O discurso do treinador do Vitória, nas últimas semanas, tem terminado quase sempre num pedido quase que explícito de reforços. Para Mancini, o baixo rendimento do time está relacionado à ausência de mais opções no elenco. Um contrassenso, se forem levadas em consideração as contratações feitas pelo clube desde o início do ano.
Elias; Lucas (Jeferson), Walisson Maia, Aderllan, Pedro Botelho (Bryan); Lucas Marques, Rodrigo Andrade; Guilherme (Baumjohann), Rhayner, Wallyson (Lucas Fernandes); Denilson (Jonatas Belusso). Mais de um time foi contratado pelo Vitória em 2018, e praticamente todos foram avalizados pelo treinador rubro-negro. Entre lesionados e atletas disponíveis, são 39 jogadores no grupo vermelho e preto. O desempenho irregular da equipe não é por falta de opção, seguramente.
Diante disso, o que fica bem claro é que o Vitória não soube montar o seu elenco para disputar as principais competições do ano. Na teoria, o técnico também participa da construção do plantel e dá o aval para potenciais contratações. É uma responsabilidade dividida, mas que tem sido colocada em apenas um lado da balança.
É lógico que o poder da caneta é do presidente. Ricardo David, aliás, é um dirigente com pouca experiência no futebol. Delegou funções a outro inexperiente, Erasmo Damiani, que fracassou como diretor do principal departamento de um clube. Hoje, o Vitória tem o vice-presidente, Francisco Salles, como responsável por contratar atletas – outro dirigente que nunca exerceu a função. Porém, também existem decisões técnicas que influenciam diretamente no desempenho do rubro-negro no Campeonato Brasileiro.
Identidade confusa
O Vitória começou o ano apostando num modelo diferente de jogo. Saiu da ideia do modo reativo para tentar ser propositivo, mas em pouco tempo percebeu que os jogadores não se encaixavam nas características que exige o jogo de posse de bola. Em seu melhor momento na temporada, o rubro-negro resgatou seu jeito vertical de jogar e dominava o Campeonato Baiano – até perder o famigerado Ba-Vi das expulsões e do episódio da saída de campo deliberada.
Com quatro jogadores suspensos pelos tribunais após a confusão, Vagner Mancini se viu na necessidade de tentar reinventar a equipe. O Vitória transitou entre o 4-3-3 e o 4-4-2, com duas linhas bastante compactas, mas não conseguiu ter regularidade. Estourava para o torcedor as carências técnicas do elenco. O rubro-negro passou a ser um time que mantinha uma aplicação tática acima da média, mas dependente dos bons momentos de Neilton, içado a protagonista de maneira forçada, justamente por ser o único capaz de transformar o jogo no último terço do campo. Perdeu o título baiano e foi eliminado das copas do Brasil e do Nordeste. Daí a transformação no “time que lutou, que brigou, que correu atrás”.
O Vitória ainda contratará mais jogadores para o Campeonato Brasileiro. Não se sabe, ao certo, se serão jogadores acima da média dos que já integram o elenco. O grupo ficará maior, repleto de opções, como quer seu treinador. Porém, o rubro-negro precisa encontrar uma identidade para seguir na temporada. Confuso, tem vivido da luta, da briga, da corrida atrás dos resultados.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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