O sofrido Brasileirão de um Vitória sem ideias
As vaias entoadas pela torcida no Barradão nos últimos jogos ainda ecoam dentro do estádio. O Vitória, que perdeu mais um jogo em casa, desta vez para o Grêmio, é o pior mandante do Brasileirão e afunda cada vez mais na zona de rebaixamento. A revolta do torcedor é tão grande que a média de público despenca a cada partida do rubro-negro em Salvador. O time é reflexo de um clube cada vez mais perdidos em suas ideias – ou na falta delas.
Ao final da partida contra a equipe gaúcha, o presidente do Conselho Deliberativo, Paulo Catharino, convocou entrevista coletiva. Nela, anunciou que o presidente do Vitória, Ivã de Almeida, havia entregado uma carta de licença e ficaria afastado por 90 dias. Quem assume o clube, então, é o vice-presidente, que curiosamente também declarou, horas antes, que estava abandonando suas funções por incompatibilidade com o gestor-mor. Atitudes que mostram que o rubro-negro baiano tem copiado com fidelidade a receita do rebaixamento. A política se sobrepõe ao futebol, como tem sido de costume.
O Vitória se manteve na Série A com muito sacrifício. Garantiu permanência apenas no penúltimo jogo de 2016, contra o Coritiba, no Couto Pereira, graças ao inspirado atacante Marinho – jogador que, aliás, carregou o time nas costas durante boa parte do Brasileiro. Com nova diretoria, o clube começou 2017 buscando causar impacto e contratando jogadores conhecidos do futebol brasileiro. Os reforços anunciados contrastavam com o estilo de jogo do seu treinador, Argel Fucks, o que já caracterizava uma falta de ideias por parte dos cartolas: eles sequer sabiam qual filosofia de jogo queriam implantar na Toca do Leão.
Depois de vencer um estadual de nível técnico fraco e ser eliminado da Copa do Brasil e do Nordestão, o Vitória vem fazendo um Campeonato Brasileiro muito abaixo do que se espera, sobretudo pelo alto investimento feito. Argel deu lugar ao interino Wesley Carvalho, que foi substituído por Petkovic, que abriu mão da vaga de técnico para contratar Alexandre Gallo. Quatro treinadores, quatro ideias diferentes, nenhum conceito impregnado no time.
A preocupação do torcedor rubro-negro é totalmente compreensível, afinal, lhe venderam a ideia de um time campeão em 2017. Com tantas contratações no meio da temporada, mudanças de técnico, de diretor de futebol e até de presidente, permanecer na Série A torna-se um lucro enorme. De briga por grandes conquistas à briga contra o rebaixamento, a frustração é do tamanho do vexame que o Vitória proporciona na Série A até agora.
O futebol não tem mais espaço para amadores. Sem planejamento, sem conceito, sem ideias, a tendência é se perder num mar de tubarões. Com um ambiente político turbulento, a insegurança dos jogadores aumenta ainda méis dentro do Vitória. A equipe pode até reagir na Série A, iniciar uma arrancada espetacular e terminar o campeonato de uma maneira mais tranquila. Porém, 2017 já fica marcado na história do rubro-negro como um ano onde sua diretoria vendeu gato por lebre.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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