As correntes revolucionárias e a contra-revolução
Em pleno 2017 nossos times continuam sofrendo com a falta de gestão e profissionalização daquele que é nosso maior esporte: o Futebol.
Inegável a importância dos direitos de TV nas finanças dos clubes. Seja no Brasil ou no exterior, nas mais variadas ligas europeias ou nas idolatradas ligas americanas, o dinheiro oriundo desses direitos é fundamental.
Porém, o modelo de transmissão passa por uma grande transformação. Nós temos a oportunidade de presenciar essas mudanças. Se antigamente a questão era qual melhor dia e horário passar os jogos, tendo em vista a audiência da TV aberta, hoje, a grande questão paira sobre as melhores plataformas para transmitirmos.
É boa a sensação de estar de frente a um momento marcante, histórico e de possível transformação. O que se viu no último domingo (19/3), - quando Atlético Paranaense e Coritiba se recusaram a jogar pelo Campeonato Paranaense - pode representar uma faísca fundamental para o futebol brasileiro.
Se os dois clubes não chegaram a um acordo com a TV Globo para que suas partidas fossem transmitidas no torneio estadual, a transmissão via YouTube (streaming) poderia ter representado uma experiência fantástica até em termos de teste, de verificação do potencial de uma ferramenta como essas no futebol brasileiro.
O streaming, já presente na NFL, NBA, MLB e muitas outras, esta aí. Não é mais uma questão de será que vai funcionar. É uma questão de quando vai rolar. Com o cenário positivo para inovação, eis que surge então uma figura que, convenientemente, não é grande incentivadora de novidades: a federação estadual, no caso, a Federação Paranaense de Futebol. "Dona" do campeonato, a instituição fez o que pôde para tumultuar a partida e evitar que a transmissão fosse realizada via streaming.
É preciso, claro, levar em conta o erro cometido pelas duas equipes. Houve o credenciamento de uma produtora que faria a transmissão do clássico e, no domingo, outros profissionais apareceram para cobrir o duelo. Foi o pretexto perfeito para que a Federação então proibisse tais pessoas de adentrar a Arena da Baixada. Como não houve, claro, a menor boa vontade em resolver o problema, Atlético e Coritiba então tomaram a decisão histórica de não jogar, atitude apoiada e comemorada pelos torcedores nas arquibancadas.
O desenrolar dos próximos capítulos será interessante. Muita coisa em jogo. De um lado a questão do jogo em si. Torcedores irão processar a federação? O jogo será remarcado? Entre outras. Mas do outro lado as questões que, para mim, são as mais importantes: Será transmitido pelo YouTube? Qual será a postura da TV Globo daqui para frente? Há muitos entraves curiosos causados pela decisão dos rivais curitibanos.
O grito que pode ser ouvido nessas circunstâncias, de novo, é para que os clubes finalmente se imponham e tomem conta das competições em que são os protagonistas. O Campeonato Paranaense é esfacelado sem Coxa e Furacão, o Carioca da mesma forma sem Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, o Paulista se esvai sem Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, e assim sucessivamente.
Os clubes têm poder e influência para organizar competições muito mais atrativas, rentáveis e que de fato valorizem o futebol brasileiro, desde que consigam se organizar dentro de um processo correto de Governança. Mas é necessário romper com os modelos tradicionais e encontrar fórmulas que sejam compatíveis com o público brasileiro.
Não adianta buscar culpados pelo fracasso da ação. Demonizar emissoras, clubes ou federações não leva a lugar nenhum. O momento pede que, aqueles que têm muito a ganhar com a melhora do futebol, se unam e criem o novo.
Mas é preciso ter uma certeza: o streaming veio para ficar e, para times que não são tão atrativos para as grandes emissoras, pode ser uma saída fantástica.
As correntes revolucionárias e a contra-revolução
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